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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Globo de Ouro: termômetro (ou não?) do Oscar?

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O Globo de Ouro, a cada ano que passa, se torna uma decepção no que diz respeito às categorias cinematográficas. O combalido prêmio entregue pela associação estrangeira de críticos de Hollywood tem um formato que há muitos anos é criticado: a divisão das categorias entre dramas e comédias/musicais. Vamos lá: só existem estes três tipos de gêneros cinematográficos? Se a divisão funciona para TV, para Cinema é no mínimo estúpida. Só assim para entender que filmes como O turista, Alice no país das maravilhas, Red - aposentados e perigosos e Burlesque figurassem entre os melhores do ano. É realmente pedir demais... Em 1998, Toy Story 2 levou o prêmio de melhor filme comédia/musical, quando ainda não existia a categoria de animação, para onde o Globo de Ouro relegou este estilo cinematográfico. Oras, Toy Story 3 sequer concorreu com os filmes principais. Algum dos que citei anteriormente é melhor do que a obra prima da Pixar? Acho que não. Para piorar o quadro, Rick Gervais, escolhido como

Prêmios dos Sindicatos 2011

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Hoje considerados os maiores termômetros do que irá acontecer na noite do Oscar, os prêmios dos sindicatos de Hollywood ganham a cada ano mais notoriedade. E não é para menos, afinal de contas, os votantes aqui são os diretores, roteiristas, atores e produtores, logo, os mesmos que figuram na listagem da Academia. Além de serem uma prévia interessante, os prêmios são muito valorizados por apresentarem um reconhecimento dos próprios colegas aos profissionais do cinema, o que é sempre muito legal de se conseguir. O SAG, que premia os atores, aconteceu no último domingo, e não mostrou grandes surpresas. Colin Firth e Natalie Portman abocanharam seus prêmios de protagonistas, e Christian Bale e Melissa Leo fizeram a duplinha de coadjuvantes pelo filme O vencedor. Este será provavelmente o resultado no Oscar. O sindicato dos diretores e dos produtores premiaram o filme britânico O discurso do rei. Considerando que o SAG de elenco também foi para o filme de Tom Hooper, ele se torna virtualme

Indicados ao Oscar 2011

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Foram anunciados na semana passada os concorrentes ao Oscar 2011. Demorei um pouco para escrever sobre o assunto por ainda não ter engolido algumas ausências impressionantes nas indicações da Academia. A mais impactante é relacionada ao filme A Origem , que surpreendentemente não concorrerá nas categorias de diretor e montagem. Que Christopher Nolan não é a menina dos olhos da Academia todo mundo sabe. Mas o que dizer da ausência do cara, novamente!, entres os indicados a direção? Batman - o cavaleiro das trevas era um filme baseado em HQ, ok, dava pra entender que o ignorassem por conta do gênero. No entanto, A Origem foi um sopro de originalidade e um dos filmes mais comentados do ano - com todos os méritos. Difícil entender... Os indicados a melhor filme seguiram a tendência, com A rede social, Toy Story 3, A Origem, Bravura Indômita e O discurso do rei entre os concorrentes. Com 12 indicações, o filme que conta a história de superação do Rei George da Inglaterra se tornou o bicho p

Critica: Inverno da Alma

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Quando Hollywood resolve produzir filmes pequenos com muita gente corajosa, batalhadora e, principalmente, talentosa, o resultado geralmente é positivo. Inverno da Alma é exatamente este tipo de cinema. A diretora Debra Granik é uma figura pouco conhecida por aqui. Inverno da Alma é apenas seu segundo filme - o anterior, Down to the bone, não chegou ao Brasil e sequer tem título em português. Este poderia ser mais um trabalho da diretora ignorado pelos distribuidores brasileiros, não fosse por um pequeno detalhe: as indicações conseguidas ao Oscar e a diversos outros prêmios na temporada 2010/2011. Debra Granik apresenta em seu filme um pesado drama familiar, que se passa em um terreno inóspito e pouco explorado pelo cinema americano - a empobrecida região do Missouri. Em uma pequena cidade, vive a família de Ree (Jennifer Lawrence), uma jovem obstinada e forte que se torna a responsável por sua família quando a mãe adoece e o pai - traficante, assim como a maioria dos vizinhos e paren

Crítica: Biutiful

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Não existe coisa melhor de acompanhar do que o cinema de um diretor que sabe como ninguém nos passar sua visão do mundo. Para quem segue a carreira de Alejandro González Iñarritu desde o seu primeiro longa metragem, o espetacular Amores Brutos, fica fácil entender o que estou falando. Houve quem acreditasse que Iñarritu devia muito de seu êxito ao colega Guillermo Arriaga, roteirista por trás dos roteiros de seus três grandes sucessos (além de Amores Brutos, são da dupla os filmes 21 gramas e Babel) . Não podemos negar que os filmes tem scripts excelentes, no entanto sempre foi destaque a forma como o diretor conduzia as histórias que estava contando - o plural é mais do que adequado, pois todos os filmes utilizavam o recurso de diversas narrativas e personagens que em algum momento se cruzavam, fosse pelos rumos da vida, fosse apenas por uma simples casualidade. Hoje, o diretor mexicano não trabalha mais com Arriaga, e entrega o primeiro filme pós mudança de parceria na sua carreira.

Crítica: Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas

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Aventurar-se pela narrativa cinematográfica de culturas não ocidentais é uma grande viagem, e geralmente reserva boas surpresas. No Brasil, estamos muito acostumados ao modelo de linguagem cinematográfica americano, e por isso acompanhar escolas orientais de cinema é, para muitos, difícil e desafiador. Não posso dizer que o caso não se aplica ao cinema do diretor Tailandês Apichatpong Weerasethakul. Se nos últimos anos nosso país teve um crescimento expressivo das salas de cinema do circuito de arte ou alternativo, não podemos dizer que houve um crescimento semelhante no número de filmes orientais a ocuparem estas salas. Em geral, a produção estrangeira que chega ao Brasil se limita aos filmes Europeus - de forma mais concentrada pelos Ingleses, Franceses, Italianos, Espanhóis e Alemães - e um ou outro filme latino-americano. Do oriente, quando muito, temos produções das escolas Japonesa, Coreana e Chinesa. Mais ainda assim em quantidade muito reduzida. O acesso ao enorme folclore mund

Filmes criticados no Blog - atualização

Segue a lista de filmes que já foram criticados no blog. Última atualização! (sem nota) As viagens de Gulliver * (ruim) O Lobisomem Idas e vindas do amor Uma noite fora de série Aprendiz de feiticeiro O último mestre do ar Demônio Skyline - a invasão Tron, o legado Entrando numa fria maior ainda com a família ** (bom) Avatar Nine Percy Jackson e o ladrão de raios Um olhar do paraíso Simplesmente complicado Alice no País das Maravilhas Fúria de Titãs A Saga Crepúsculo: Eclipse Shrek Para Sempre Encontro Explosivo O Bem Amado Meu malvado favorito Salt Como cães e gatos 2 - a vingança de Kitty Galore A Lenda dos Guardiões Jogos Mortais 7 Scott Pilgrim contra o mundo Um parto de viagem As Crônicas de Nárnia - a viagem do Peregrino da Alvorada O Turista *** (ótimo) Gomorra A Princesa e o Sapo Sherlock Holmes Onde Vivem os Monstros Invictus Preciosa A Fita Branca O Mensageiro Educação O Segredo dos seu s olhos Um Homem Sério Um sonho possível Como treinar seu dragão O Fantástico Sr. Raposo N

Crítica: O Turista

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Já está virando moda em Hollywood que diretores renomados em seus países de origem migrem para os Estados Unidos para produzirem filmes por lá. A lista é imensa, e tem nomes como Guilhermo Del Toro, Juan José Campanella e até mesmo brasileiros como Walter Salles e Fernando Meirelles. A mais nova aquisição é o alemão Florian Henkel Von Donnersmarck, responsável pelo excelente A Vida dos Outros e que surpreende com este O turista. O filme mistura duas belezas inconfundíveis: a primeira, locações na fantástica cidade de Veneza, que desponta majestosa na tela graças a direção de fotografia excelente de Joe Hutshing, que participou de quase todos os projetos do diretor Cameron Crowe, dentre os quais Quase Famosos e Jerry Maguire; e a segunda e mais marcante, Angelina Jolie. A senhora Brad Pitt desfila sublime na tela, e a cada aparição é possível perceber os marmanjos babando e as moças cheias de inveja. Não é para menos. Para compensar as meninas, a presença do astro Johnny Depp, aqui enca

Crítica: Zé Colmeia - o filme

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William Hanna e Joseph Barbera são duas lendas dos desenhos animados. A dupla criou dezenas de personagens, alguns que alcançaram imenso sucesso e outros que, embora mais modestos em popularidade, ficaram na memória de crianças e jovens por muitos anos. No cinema, não foram muitos que deram as caras - Scooby Doo , Os flintstones e Josie e as gatinhas são exemplos - e ainda existem diversos projetos em andamento ou engavetados - Tom & Jerry, Os Jetsons e Johnny Quest são alguns deles. Quem diria que o urso pardo de gravata do parque Jellystone passaria a frente de tantos outras criações mais comerciais da dupla e chegaria com toda pompa aos cinemas. Zé Colmeia - o filme é um programa muito divertido para todas as idades. Para as crianças, as confusões do urso são feitas sob medida, mérito dos produtores, pois o personagem é pouco conhecido pela nova geração. Para os adultos, a sessão é nostalgia total; é impressionante ver como Zé Colmeia e Catatau estão perfeitos, não apenas pel

Crítica: O Mágico

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Ainda tem muita gente que não entende que animação deixou de ser coisa para criança. Atualmente, cada vez mais cineastas enveredam no gênero, criando filmes autorais e diferentes do que estamos acostumados a encontrar nas telas. A animação desperta cada vez mais como uma forma de arte indispensável para a sétima arte, consagrando animadores profissionais ou mesmo iniciantes com grande potencial. Quem gosta deste estilo de cinema não pode deixar de admirar o talento do francês Sylvain Chomet, o diretor do maravilhoso As bicicletas de Belleville. O animador tem um estilo peculiar e uma visão complexa para os iniciados, principalmente aqueles que acham que filmes de animação devem ter temáticas simples. Novamente ele surpreende com o novo O Mágico. É claro que para os mais integrados com a história do cinema francês, logo nos créditos iniciais já se tem idéia de que O Mágico não será um filme comum: o roteirista é ninguém mais, ninguém menos que Jacques Tati, cineasta francês que dirigiu

Crítica: As Viagens de Gulliver

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A Fox está comemorando seus 75 anos de existência, e com toda pompa e circunstância, divulga este fato acompanhado de sua histórica logomarca antes do início dos filmes por ela realizados. O que não consigo entender, no entanto, é como um estúdio tão tradicional tem conseguido levar às telas dos cinemas tantos filmes deploráveis nos últimos tempos. E logo quando está, diga-se de passagem, em festa. A bebedeira deve estar correndo solta nas dependências do Century City, em Los Angeles. Só isto para explicar como um roteiro execrável como o de As Viagens de Gulliver conseguiu sair do papel. O filme estrelado e produzido por Jack Black (que um dia conseguiu fazer filmes interessantes como Escola do Rock e Alta fidelidade) foi vendido como uma atualização, uma versão teen da clássica história na qual é baseado. Das duas uma: ou o roteirista estava querendo pregar uma peça ou realmente pensa que todos os adolescentes da atual geração são um bando de retardados mentais ( e será que estão ce

Pôster da semana: "Thor", de Kenneth Branagh (EUA, 2010)

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Crítica: Além da vida

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Quem vê o cinema recente de Clint Eastwood poderia dizer muitas coisas, mas com certeza uma palavra seria destaque: vitalidade. Mesmo com oito décadas de vida, muitas das quais dedicadas ao cinema, o velho caubói ainda está firme na ativa, e produzindo um grande filme atrás do outro. E ele acerta mais uma vez com este Além da Vida. O título nacional, obviamente, quer pegar carona na onda de sucessos de filmes espíritas nas bilheterias de nosso país. No entanto, diferente de Nosso Lar ou Chico Xavier, temos aqui um roteiro que se preocupa mais com o desenvolvimento dos personagens do que com a mensagem religiosa em si. Não se poderia esperar algo diferente de Clint Eastwood. O diretor consegue realizar cenas antológicas utilizando os mais diferentes recursos narrativos. Logo de início, o filme apresenta aquela que deve ser a melhor cena de catástrofe realizada no cinema nos últimos tempos (a tsunami da Tailândia, para você ter uma idéia), e mesmo Clint não tendo muita experiência com gr

Pôster da semana: Burlesque, de Steve Antin (EUA, 2010)

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Crítica: Entrando numa fria maior ainda com a família

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A síndrome do terceiro filme atingiu também a saga da família Fornica. Mesmo contando com todo o elenco original e mantendo a química excelente entre Ben Stiller e Robert De Niro, Entrando numa fria maior ainda com a família (título ridículo escolhido pela distribuidora no Brasil) não consegue engrenar e acaba se tornando uma decepção. Alguns críticos resolveram colocar defeitos no filme até onde não há. Para começar, muitos diziam que as crianças (no original, o filme se chama Little Fockers) não teriam muita relevância na trama do terceiro filme. Eu diria exatamente o contrário. A trama do filme gira em torno dos problemas enfrentados pelos pais Greg (Ben Stiller) e Pam (Teri Polo) para lidar com os filhos, os gêmeos Samantha e Henry. Para piorar, chegam a Chicago os sogros de Greg, e o enfermeiro terá novamente de lidar com o superprotetor e neurótico Jack Byrnes (Robert De Niro), ou entregar os pontos. Se nos filmes anteriores o mais legal eram as situações constrangedoras que os p

Crítica: Incontrolável

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A máxima do cinema é divertir. É claro que algumas pessoas (me incluo nesse grupo) procuram as salas escuras para algo mais além da diversão fácil; sempre é bom poder acompanhar uma história que exija um pouco mais do espectador, que desafie a platéia a pensar. Este não é o tipo de filme ao qual Incontrolável se enquadra. E quer saber? Que bom que não! Tony Scott faz jus ao título do filme, e sua câmera também se apresenta incontrolável. Com movimentos espertos e planos sutis que captam o desespero que a situação de um trem desgovernado pode causar (as imagens do triple seven em primeiro plano avançando como uma ameaça são geniais), o diretor imprimiu um patamar impressionante de velocidade a história. Incontrolável não dá para a platéia muitos momentos para prender a respiração. E a ação começa logo nos primeiros minutos do filme, se nenhuma enrolação. A história do filme é simples: um trem desgovernado carregado de material inflamável está se dirigindo em alta velocidade a um grande

Crítica: Enrolados

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A Disney preparou uma campanha cheia de glamour para promover o seu 50º filme de animação. Foram vídeos, mensagens de antigos animadores, produtos licenciados, e todo o possível que um estúdio mestre na arte do marketing poderia fazer. O mais impressionante é que isto tivesse acontecido logo com um dos filmes mais controversos da história recente do estúdio. A nova produção baseada no conto de fadas Rapunzel teve um desenvolvimento conturbado. Primeiro, foi pensado com um filme de animação tradicional, seguindo o modelo de musicais vitorioso apresentados pela Disney na retomada de sua produção, em meados dos anos 90. Com a junção do estúdio com a Pixar e o controle criativo entregue para John Lasseter, resolveu-se que o filme seria transformado em uma animação digital. Mas o relativo fracasso de A princesa e o sapo em 2009 preocupou os executivos do estúdio, que achavam que o filme tinha se saído mal pois as clássicas histórias de princesa já tinham se tornado datadas para o atual púb

Crítica: As minhas mães e o meu pai

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Annette Benning e Julianne Moore são duas atrizes que não precisam de apresentação. Ambas possuem carreiras sólidas, amparadas por um portifólio de filmes respeitável e pouquíssimas vezes pisaram na bola ao escolher seus trabalhos. No entanto, estranhamente e por culpa do acaso, ainda não possuem um Oscar na estante. Esta situação pode ser revertida em 2011, graças a este grande filme semi-autobiográfico da diretora Lisa Cholodenko, As minhas mães e o meu pai (The kids are all right). O filme conta a história de uma família nada convencional, cujas "matriarcas" são Nic (Benning) e Jules (Moore). Lésbicas assumidas, as duas mulheres recorreram quando jovens a um banco de sêmem para conseguirem engravidar, e daí vieram seus dois filhos, Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). Às vésperas da ida de Joni para a faculdade, os irmãos resolvem encontrar o doador das mães, Paul (Mark Ruffalo). A amizade entre seus filhos e o pai biológico afeta a dinâmica da família na persp