Crítica: As Viagens de Gulliver
A Fox está comemorando seus 75 anos de existência, e com toda pompa e circunstância, divulga este fato acompanhado de sua histórica logomarca antes do início dos filmes por ela realizados. O que não consigo entender, no entanto, é como um estúdio tão tradicional tem conseguido levar às telas dos cinemas tantos filmes deploráveis nos últimos tempos. E logo quando está, diga-se de passagem, em festa.
A bebedeira deve estar correndo solta nas dependências do Century City, em Los Angeles. Só isto para explicar como um roteiro execrável como o de As Viagens de Gulliver conseguiu sair do papel.
O filme estrelado e produzido por Jack Black (que um dia conseguiu fazer filmes interessantes como Escola do Rock e Alta fidelidade) foi vendido como uma atualização, uma versão teen da clássica história na qual é baseado. Das duas uma: ou o roteirista estava querendo pregar uma peça ou realmente pensa que todos os adolescentes da atual geração são um bando de retardados mentais (e será que estão certos? O "fenômeno" Justin Bieber que o diga!).
Não se pode tirar nada de bom do filme do diretor Rob Letterman, que também havia dirigido anteriormente os dois mais fracos filmes da Dreamworks Animation (O Espanta tubarões e Monstros vs Alienígenas). É uma sucessão de cenas constrangedoras e apelativas que não vale a pena nem comentar. E para piorar, vários atores estão pagando mico na produção, com mais destaque para Emily Blunt, totalmente sem sal e caricata, no tipo de papel que ao invés de ajudar uma carreira pode prejudicá-la. A moça merece coisa melhor.
A sensação de vergonha alheia é tão grande quando se assiste ao filme que conseguir ficar até o final se mostra um esforço hercúleo para fazer valer o dinheiro que você pagou pelo ingresso. Algumas passagens são tão surreais que até crianças pequenas ficarão com aquele sorriso amarelo no rosto - não entendendo se devem rir ou sentir pena de tudo aquilo. Se Jack Black como produtor é sinônimo de filmes como A viagem de Gulliver, quero distância dos seus próximos projetos.
Se você se interessa pelo tema e pela história original, fuja desta versão nada inspirada. E se pensa em levar seus filhos ao cinema, afinal, este é o típico filme de férias, não faça isso. Não acabe com a infância da pobre criança. Prefira assistir Enrolados pela trigésima vez. É muito mais garantia de que seu filho se divertirá e manterá sua sanidade mental intacta. Parabéns, Fox (ironia).
Cotação: sem nota
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