Critica: Inverno da Alma

Quando Hollywood resolve produzir filmes pequenos com muita gente corajosa, batalhadora e, principalmente, talentosa, o resultado geralmente é positivo. Inverno da Alma é exatamente este tipo de cinema.

A diretora Debra Granik é uma figura pouco conhecida por aqui. Inverno da Alma é apenas seu segundo filme - o anterior, Down to the bone, não chegou ao Brasil e sequer tem título em português. Este poderia ser mais um trabalho da diretora ignorado pelos distribuidores brasileiros, não fosse por um pequeno detalhe: as indicações conseguidas ao Oscar e a diversos outros prêmios na temporada 2010/2011.

Debra Granik apresenta em seu filme um pesado drama familiar, que se passa em um terreno inóspito e pouco explorado pelo cinema americano - a empobrecida região do Missouri. Em uma pequena cidade, vive a família de Ree (Jennifer Lawrence), uma jovem obstinada e forte que se torna a responsável por sua família quando a mãe adoece e o pai - traficante, assim como a maioria dos vizinhos e parentes da menina - desaparece sem deixar rastros. Ree resolve ir atrás do pai desafiando a tudo e a todos, afim de não perder a casa onde mora com a mãe e os irmãos pequenos, que está em risco por conta dívidas de seu pai com a justiça.

Pesado e com uma atmosfera desoladora, Inverno da Alma não é um filme feito para o grande público. Este fato se justifica nas primeiras cenas, morosas, com pouquíssimos diálogos e movimentos de câmera não muito convencionais. O roteiro é simples e focado no suspense, para o qual a diretora mostrou que tem talento de sobra. Algumas cenas são tão sufocantes e tensas que ganhará um prêmio aquele que conseguir ficar imóvel na poltrona.

Mas se há algo que justifique o sucesso de crítica do filme, é o seu elenco, encabeçado de forma brilhante por Jennifer Lawrence. A jovem atriz entrega uma performance arrebatadora, cheia de nuances e personalidade. Um trabalho digno de uma veterana, e que foi agraciado com indicações a diversos prêmios, inclusive o Oscar de melhor atriz. Para completar, o time de coadjuvantes é excepcional, com destaque para John Hawkes, também indicado ao Oscar.

Inverno da alma vai surpreender aqueles que pensam que o cinema americano vive apenas de orçamentos inflados e falta de personalidade de seus diretores. Mas não pense que é uma experiência fácil assistir a um filme vanguardista. Se é isto que deseja, corra para as comédias românticas e filmes de ação descerebrados. Viva o cinema alternativo!

Cotação: ***

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