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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Crítica: Millenium - Os homens que não amavam as mulheres

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Franquias cinematográficas adaptadas de obras literárias são quase em sua totalidade produções destinadas ao público jovem. Deste bolo, temos O Senhor dos anéis, Harry Potter e o vindouro Jogos Vorazes, só para dar alguns exemplos. De tramas adultas, até pouco tempo, resumiam-se as adaptações dos livros de Dan Brown - cujos sucessos O código Da Vinci e Anjos e Demônios já viraram filmes pelas mãos de Ron Howard, com O símbolo perdido na agulha para ser o próximo. Os executivos de Hollywood precisaram virar seus olhos em direção da gelada Escandinávia para encontrar material para uma nova - e ambiciosa - série de cinema. Para quem gosta e acompanha outras escolas da sétima arte, Os homens que não amavam as mulheres não é nenhuma novidade. Um dos volumes da famosíssima trilogia Millenium - que na Suécia é tão importante que já leva milhares de turistas ao país, interessados em ver de perto as locações esmiuçadas em detalhes nas páginas dos romances do falecido escritor Stieg Larsson -, O

Pôster da semana: "O Artista", de Michel Hazanavicius (França, 2011)

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Crítica: A separação

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O cinema contemporâneo do Irã seguia por um caminho semelhante, em alguns aspectos, ao cinema brasileiro. Focava-se nos dramas sociais da sociedade Persa, mas dava destaque demais a necessidade de cativar plateias estrangeiras com maneirismos de linguagem cinematográfica. Os enredos começaram a se tornar repetitivos, geralmente focando crianças que passam duras provações por conta da realidade do país (um dos mais bem sucedidos filmes desta safra é Filhos do Paraíso, dirigido por Majid Majidi). Quando não seguiam por este caminho, eram obras financiadas pelo governo para estimular a pesquisa sobre o Irã, seu entorno social, econômico e cultural. Nada muito diferente do cinema Russo da década de 20 ou mesmo do cinema alemão panfletário do regime nazista de Josef Goebbels. Dá para entender o motivo do filme de Asghar Farhadi ter causado rebuliço por onde passou e causado tanta preocupação em algumas autoridades iranianas. A separação é um trabalho que foge completamente aos dois estereót

Crítica: Os descendentes

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Alexander Payne é o típico diretor que gosta de contar histórias simples que são protagonizadas por grandes personagens. Em Eleição, a jovem idealista que lutava contra o arrogante professor nas plenárias de uma eleição escolar; em As confissões de Schmidt, o homem que queria vencer a indiferença da filha em se casar com um cara que, na teoria, não servia para ela; e em Sideways, na jornada de dois homens pelas vinícolas da Califórnia na véspera do casamento de um deles, em que são postos em cheque conflitos pessoais e dilemas existenciais. Era de se supor que em seu novo trabalho o diretor mantivesse esta excelência, mas o que se vê em Os descendentes não é nada mais que uma palanque para promoção de George Clooney, em um personagem feito sob medida para emocionar os votantes da Academia e faturar um certo careca dourado. Os descendentes segue uma fórmula típica de drama familiar com toques de comédia que tem se mostrado tão eficiente nos últimos anos no que diz respeito aos prêmios d

Os indicados ao Oscar 2012

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É no mínimo irônica a frase que estampa o cartaz do Oscar 2012, depois de avaliar a lista de indicados pela Academia ao maior prêmio do Cinema: "Celebrando os filmes em todos nós"? Não foi bem o que aconteceu. Mais uma vez, os votantes da certinha e quadrada Academia de Artes e Ciências Cinematográficas priorizaram os filmes feitos sob medida para sua caretice. E isto está longe de representar os anseios de todo o público! Não se culpem por perder audiência. O Oscar, ano após ano, relega filmes que atraem o grande público sob pretexto de valorizar apenas "obras de arte". Wall-e, The Dark Knight e A Origem foram algumas das vítimas deste pensamento antiquado. Antes de mais nada, o Oscar deve valorizar os melhores filmes e melhores profissionais envolvidos nestes filmes. Infelizmente nem sempre é o que acontece. Veja o absurdo da categoria de melhor filme em 2012: 9 indicados. Por que não dez? É o mesmo que dizer que, se poderiam chegar até 10 filmes, nenhuma outra pr

Pôster da semana: "Tão Forte e Tão Perto", de Stephen Daldry (EUA, 2011)

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Globo de Ouro 2012

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No último domingo foram entregues os prêmios pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, conhecido como Globo de Ouro. Por muitos anos conhecido como principal prévia do Oscar (hoje, este papel já é considerado mais forte pelos prêmios dos sindicatos), o Globo de Ouro 2012 demonstrou uma tendência que está se consolidando para a entrega do prêmio da academia: a de que não haverá um favorito absoluto a melhor filme em fevereiro próximo. Nas categorias principais, O artista levou o prêmio de comédia (deixando para trás Meia noite em Paris, de Woody Allen), e Os descendentes foi laureado como melhor drama - numa categoria em que a disputa geralmente é mais apertada. A vitória do filme mudo e em preto e branco reacende a possibilidade de que tenhamos esta produção corajosa e que é uma homenagem e tanto ao cinema consagrada como o grande filme de 2012. Os descendentes também deu o prêmio de melhor ator para George Clooney. Muito está sendo dito que esta é a melhor atuação do ator

Crítica: Precisamos falar sobre o Kevin

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Alguns temas da vida real são tão complexos que até o cinema se enche de cuidados na hora de falar sobre eles. Até pouco tempo, os massacres em escolas eram uma realidade apenas fora do nosso país, até o caso que chocou o subúrbio do Rio de Janeiro. Discutem-se evidências, motivos que levariam os executores a cometer tal atrocidade, e até mesmo o que poderia ter sido feito por aquele(a) jovem para que se evitasse a tragédia. Poucas vezes, no entanto, tentou-se entender o que se passaria na cabeça dos pais de um destes assassinos. A diretora escocesa Lynne Ramsay resolveu entrar a fundo no tema. Precisamos falar sobre o Kevin é um drama duro sobre uma mãe e seu difícil dia a dia junto a uma criança que demonstrava desde pequena que estava destinada a se tornar um monstro. As maiores discussões em torno do filme davam a entender que a diretora desenvolveu a trama como uma história de culpa, em que a mãe, interpretada por Tilda Swinton, se distanciava de tudo e de todos para remoer o res

Crítica: 2 Coelhos

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Fazer cinema no Brasil não é uma coisa fácil. A burocracia é imensa, e os patrocinadores só querem investir nas fórmulas fáceis, aquelas comédias idiotas cheias de astros globais e zero de inovação e criatividade. Para surgir um Tropa de elite entre dez Agamenon, é preciso se passar por um calvário desde a pré-produção. Não é a falta de bons profissionais - diretores e roteiristas - que limita nosso cinema, mas sim a falta de coragem. Mas o estreante Afonso Poyart está aí para mostrar que podemos ter esperança no futuro cinematográfico brasileiro. Ao custo de R$ 4 milhões (mais de 60% destes bancados do próprio bolso), o cineasta nos entrega 2 Coelhos , um dos melhores filmes brazucas em muito, muito tempo. Quando 2 Coelhos começa, você já percebe que não está assistindo a um filme comum. Mesmo contando uma história relativamente simples - um plano audacioso para roubar R$ 2 milhões de um grupo de bandidos que inclui um deputado e uma funcionária sem escrupulos do Ministério Público -,

Pôster da semana: "O homem que mudou o jogo", de Bennett Miller (EUA, 2011)

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Crítica: O espião que sabia demais

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Ler um romance de John le Carré não é uma tarefa simples. O escritor inglês, famoso pelos diversos best sellers mundiais na carreira, é especialista em tramas arrojadas e cheias de reviravoltas, onde os detalhes mínimos são importantes para um total entendimento dos desdobramentos da ação. Geralmente, seus suspenses são situadas durante o período da Guerra Fria, época histórica preferida do autor. Nem precisa dizer que é preciso muito cuidado na hora de pensar em adaptar um livro de le Carré para o cinema. Mas as adaptações já ocorreram, com resultados interessantes. Nosso Fernando Meirelles foi um que aceitou o desafio, e entregou o excelente O jardineiro fiel, que deu o Oscar de atriz coadjuvante para Rachel Weisz (uma contradição, já que o autor é conhecido pelos personagens masculinos extremamente fortes). Outros livros tiveram sua chance na tela grande, como O alfaiate do Panamá, no entanto sem tanto sucesso. É a vez de O espião que sabia demais (no original, Tinker, Taylor, Soldi

Crítica: As aventuras de Tintim - o segredo do Licorne

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Imagine-se numa mesa em um estúdio de Hollywood discutindo idéias para um longa metragem com dois dos caras mais visionários do Cinema de entretenimento: pois é, deve ser no mínimo interessante sentar-se com Steven Spielberg, pai de criações mágicas no cinema como Tubarão, Indiana Jones, De volta para o futuro, Jurassic Park, e tantas outras, e Peter Jackson, o homem-hobbit que impressionou o mundo todo com a trilogia O senhor dos anéis. Somando-se ao fato de que o projeto em questão é uma paixão absoluta dos dois cineastas, a experiência realmente deve ter sido única. O resultado da paixão se vê logo nos segundos iniciais de As aventuras de Tintim - o segredo do Licorne, a grande homenagem destes gênios ao grande quadrinista belga Hergé, criador do atemporal personagem. Confesso que torci a cara quando soube dos rumos que o longa tomaria. Gostei de imaginar que Spielberg como diretor do primeiro (Jackson foi produtor, e no próximo os dois trocarão de cadeira) entregaria uma aventura b

Crítica: Sherlock Holmes - o jogo das sombras

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Para quem estava tão preocupado por não ter uma outra grande franquia nas mãos com o fim de Harry Potter, a Warner não devia realmente levar muita fé na continuação do sucesso da visão modernosa de Guy Richie para o detetive inglês Sherlock Holmes. O primeiro filme, de 2009, fez sucesso nos EUA (arrecadando mais de 200 milhões) e no caixa final no mundo atingiu quase quatro vezes o seu custo, um mérito inquestionável para um diretor que estava acostumado com filmes menores, porém muito mais autorais. Dois anos depois, a franquia do detetive vai muito bem, obrigado. Já chegando próximo do meio bilhão de dólares em todo mundo, Sherlock Holmes - o jogo das sombras está consolidando o personagem nas telonas, e muito (mesmo!) graças ao talento e a química entre os dois protagonistas, Robert Downey Jr. e Jude Law. O engraçado deste novo filme são os pequenos detalhes que acabarão sendo percebidos por uma fatia pequena do público. Sem precisar apresentar o personagem - cuja interpretação de R

Pôster da semana: "Histórias Cruzadas", de Tate Taylor (EUA, 2011)

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Crítica: Cavalo de Guerra

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Existem h istórias que nasceram para ser contadas por Steven Spielberg. O grande diretor americano, e talvez ícone mais importante da Indústria de Cinema de Hollywood, tem um jeito peculiar de transformar os roteiros em que põe as mãos em grandes espetáculos cinematográficos, nem que seja ao menos na questão visual. Cavalo de Guerra é mais um exemplar de trabalho do diretor que, nas mãos de outro, seria mais do mesmo. O filme é livremente inspirado na peça teatral de mesmo nome, exibida originalmente nos palcos britânicos, e que foi transportada para o circuito off-Broadway em Nova York conquistando respeito do público e da crítica - além do Tony de melhor montagem teatral. Obviamente que por se tratarem de mídias diferentes, filme e peça tem pouco em comum, mas muito em parte pela decisão de Spielberg de valorizar mais o lado histórico do roteiro do que necessariamente a trajetória do herói principal, dando mais espaço para outros personagens humanos. Não se pode dizer que tenha sido