Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Quando foi lançado em 2014, Guardiões da Galáxia foi uma aposta arriscada para um Universo Cinematográfico que, embora já consolidado com seus maiores heróis - Capitão América, Homem de Ferro, Hulk e Thor - ainda não havia experimentado algo diferente. Coube a um até aquele momento pouco conhecido diretor a missão de levar os heróis desajustados para a tela grande, com um orçamento de super-produção e uma liberdade criativa que seria impossível se considerarmos os projetos anteriores; ora, como os Guardiões eram ilustres desconhecidos até mesmo para alguns leitores de quadrinhos, eventuais mudanças nos personagens não seriam motivo de repulsa por parte dos fãs. James Gunn soube como ninguém se aproveitar dessa liberdade e construiu uma ópera espacial divertida, emocional e que transformou os personagens em novos ícones da cultura pop.

Não seria justo para Gunn e para o público que o encerramento da trilogia dos Guardiões fosse tratado de forma negligente pela Marvel, principalmente depois de todos os percauços que o terceiro filme enfrentou - desde a demissão do diretor por problemas com mensagens inadequadas postadas no passado numa rede social até o início da pandemia do Covid 19. Felizmente, ao terminar de assistir Guardiões da Galáxia - Volume 3, a sensação que se tem é que acabamos de assistir à um final de trilogia perfeito dentro do MCU, e fica impossível não colocar um sorriso enorme no rosto. Sorriso, que por sinal, vem depois de algumas lágrimas: Guardiões 3 é o capítulo mais emocionante desta franquia espacial, e isso muito em parte se deve ao arco do personagem Rocket.


Quem dissesse nove anos atrás que um guaxinim humanóide se tornaria um dos personagens mais queridos do Universo Cinematográfico da Marvel provavelmente seria motivo de risos ou seria taxado de louco. Mas a paixão de James Gunn pelo personagem ficou clara desde o primeiro capítulo da trilogia, e o destaque de Rocket só foi crescendo ao longo dos anos, tanto que o personagem foi o único dos Guardiões que ficou vivo após o estalar de dedos de Thanos e participou integralmente do épico Vingadores: Ultimato. Rocket encantou o público com sua personalidade única, e Guardiões da Galáxia - Volume 3 é um presente do diretor ao personagem, uma verdadeira carta de amor para o guaxinim; toda a ação do filme se desenvolve em cima da história de origem de Rocket - que só havia sido brevemente mencionada até aqui. E vai fazer você chorar muito.

Embora tenha o foco em Rocket, em nenhum momento Guardiões da Galáxia - Volume 3 esquece dos demais membros da equipe. Todos tem a chance de brilhar. Isto já havia sido um acerto das produções anteriores e se mantém aqui: o roteiro equilibra tempo de tela e destaque para todos os Guardiões e ainda guarda uma cena incrível para o terceiro ato (um plano sequencia de batalha com todos os personagens em ação e que desde já se credencia como uma das cenas mais incríveis de todos os filmes do MCU). Faz-se aqui, porém, o único revés do filme: os novos personagens apresentados não tem muito destaque, inclusive Adam Warlock, que é um coadjuvante de luxo.

O elenco permanece sendo um grande destaque nesta aventura dos Guardiões, mas o destaque vai para Zoe Saldana e Karen Gillan. As intérpretes das irmãs Gamora e Nebulosa acrescentam novas camadas à personalidade de suas personagens, e fazem isso com muita competência. Chris Pratt continua muito engraçado mas também passa muita emoção quando é necessário. E Pom Klementieff e Dave Bautista continuam funcionando muito bem como a dupla alívio cômico. Entre os novatos, Chukwudi Iwuji entrega um vilão excelente, que será facilmente um dos mais odiados do Universo Marvel pelo público. E Will Pouter, como já mencionado, tem pouquíssimo a fazer como Warlock - mas considerando o quão poderoso o personagem está, vai ser interessante imaginar como ele será utilizado na franquia no futuro.

Algo que também deixará os fãs do MCU mais tranquilos é a qualidade técnica de Guardiões da Galáxia - Volume 3. Tudo está muito caprichado, desde o CGI aos figurinos, maquiagem e cenários. Seria estranho que no ápice da franquia houvesse uma piora neste sentido, mas considerando os últimos problemas enfrentados por filmes e séries da fase 4, era um receio que boa parte do público carregava. Mas Guardiões 3 está lindo, e provavelmente disputará muitas categorias técnicas no Oscar. Até sua trilha sonora, embora não tão impactante quanto a dos antecessores, permanece sendo um grande destaque e a força motriz das melhores cenas de ação.

Mesmo com toda a atmosfera de despedida que se desenha nas últimas cenas para alguns desses queridos personagens, Guardiões da Galáxia - Volume 3 é uma grande adição para o Universo extendido da Marvel, e abre muitas portas para o futuro. Fica desde já a expectativa pelos próximos capítulos da franquia espacial, mesmo que seu pai, James Gunn, esteja agora trabalhando para a concorrência. Quem assumir a cadeira só precisa manter esse respeito incrível e esse amor enorme pelo material original.

Cotação: ****

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