Crítica: Projeto Dinossauro

Quando um determinado projeto que trata de um tema com potencial para atrair milhares às bilheterias chega às telas de forma tímida e quase sem nenhum marketing, já é motivo para desconfiar. Não adianta: o cinema vive hoje o período da maximização da informação, onde a mídia já acompanha com afinco etapa a etapa dos filmes, da pré à pós produção. Não despertar interesse logo de cara é certeza de que algo não vai bem.

Projeto Dinossauro se enquadra perfeitamente nesta descrição. A produção Inglesa de baixo orçamento tinha um propósito interessante: trazer para um filme com dinossauros a estética já consagrada em outros gêneros com A Bruxa de Blair, Cloverfield e Poder sem limites - a filmagem semi-documental com câmera na mão. O problema é que o filme se entrega aos clichês deste tipo de produção e não consegue decolar.


Não consegue decolar, leia-se, por motivos diversos. O primeiro e mais perceptível deles é a limitação técnica. Sempre que a ação exige mais refinamento estético, a câmera sai do ar ou fica sem imagem, esperando que o público entre na onda e entenda que, uma vez que aquelas filmagens são necessariamente reais, isto aconteceria neste tipo de situação. O problema é a utilização deste recurso sem nenhum tipo de critério, sem um trabalho minimamente decente de decupagem ou composição. Projeto Dinossauro soa o tempo todo amador demais, a ponto de incomodar.

O filme acompanha uma equipe de exploradores que vai para a África central à procura de um mito que se tornou extremamente popular: de que nas entranhas da mata cerrada e pouquíssimo explorada pelo homem existiriam criaturas que, no consenso científico, estariam extintas por milhares de anos. Um mundo perdido de dinossauros, para dizer com palavras mais simples. O chamado `monstro do Lago Ness Africano` seria uma espécie de saurópode (os dinossauros de pescoço longo). O filho do cientista chefe da expedição - que obviamente tem uma relação conflituosa com o pai - se junta clandestinamente ao grupo e impressiona os demais com a capacidade nata para exploração, aflorando os conflitos do pai com um dos membros da equipe que vive à sombra de sua reputação.

Da mesma forma que A Bruxa de Blair, o filme já deixa claro logo em seu começo que os membros daquela equipe desapareceram sem deixar rastros, deixando para trás apenas uma mochila com as filmagens realizadas durante a expedição. Ciente de que a tragédia espera a todos, resta ao publico acompanhar como seria o desenrolar da trama, que mostra de relance uma ou outra espécie de dinossauro (algumas muito bem apresentadas, considerando o parco orçamento), desentendimentos mal trabalhados entre os personagens (cortesia do roteiro capenga) e um terceiro ato tão despropositado que nem vale a pena comentar. 

O engraçado é notar que o gênero entregou dois trabalhos interessantes em 2012 - Poder sem limites e a comédia adolescente Projeto X - e mesmo se tratando de um filme cuja equipe vem basicamente de produções da TV (o diretor, Sid Bennett, tem inclusive experiência em documentários sobre dinossauros) não consegue impor nenhum tipo de inovação estética. Foi-se o tempo em que dizer que profissionais de TV faziam trabalhos inferiores aos de cinema: basta notar o atual nível de apuro técnico das produções americanas e inglesas na telinha.

Projeto Dinossauro pode até empolgar um pouco aqueles que como eu são fissurados nestas fantásticas criaturas. Mas para quem não liga muito e só quer uma boa diversão, melhor esperar pela versão em 3D de Jurassic Park no ano que vem ou pelo esperado quarto filme da franquia. Ao menos é garantia de efeitos especiais bacanas.

Cotação: *

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