Critica: Sem Limites
Trabalhar com um orçamento mais minguado não significa dizer que você fará um filme pior do que qualquer outro; talvez, sim, o correto seja dizer um filme menor. Mesmo assim, o cineasta não deve ser passivo e deixar de acreditar na força de sua obra. Neil Burger, se escutou este tipo de conselho, fez o trabalho de casa direitinho em Sem limites.
O filme produzido pelo astro Bradley Cooper - que também atua no longa - é uma surpresa pra lá de bem vinda. Justificando minha afirmação: o diretor desenvolve com excelente ritmo uma trama bem elaborada pelo roteirista Leslie Dixon (Hairspray, Thomas Crow), baseada no romance homônimo sobre um cara que vê sua vida se transformar da noite para o dia depois de tomar uma pílula milagrosa que faz com que ele utilize sua atividade cerebral em 100%.
Parece vindo de histórias em quadrinhos, você poderia dizer. E em alguns momentos, esta semelhança fica ainda mais evidente, como quando o personagem se sai maravilhosamente bem em uma briga que evitou um assalto, apenas utilizando sua memória dos golpes executados por Bruce Lee em um programa de televisão. Soa exagerado, mas se encaixa como uma luva na proposta do filme. Se você é desses que gosta de experimentar coisas novas, vai sair do cinema morrendo de vontade de experimentar uma droga deste tipo, e achando super legal. A diferença é que as drogas do mundo real te deixam abobalhado, e não mais esperto.
O grafismo usado pelo diretor na maioria das cenas aceleradas é bastante original, e confere um ar alternativo para a produção, muito semelhante ao que o diretor Park Chan-wook utilizou em sua trilogia da vingança, cujo filme mais conhecido é Old Boy. É interessante verificar como o diretor se sai bem em um estilo tão diferente do seu habitual, já que era especialista em projetos de época. As sequencias em que a câmera percorre Nova York acelerada entrando em cada beco da cidade são geniais, e completam a sensação que nos passa as situações vividas pelo personagem de Cooper.
O ator, aliás, está cada vez melhor em cena. Saindo um pouco do perfil galã-conquistador-inabalável de outras produções como Se beber, não case ou Esquadrão Classe A, ele não é brilhante, mas atesta que é capaz de realizar tipos diferentes de personagens sem cair na mesmice. Para ajudar, Robert De Niro tem uma ponta que eleva o nível do filme, e Abbie Cornish tem a chance de desfilar sua beleza, desta vez sem chutar traseiros como em Sucker Punch. Aliás, é bom ficar de olho nesta garota: pelo visto a carreira vai longe e ainda veremos falar muito dela.
Sem limites é um bom filme para acompanhar neste período de entre-safra do Oscar - Verão americano. Se a ausência de novidades nas salas o favorece? Com certeza! Mas a data certa de estrear um filme também faz parte da cartilha vitoriosa dos estúdios de Hollywood. Aqui, também, acertaram na mosca.
Cotação: **
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