Crítica: Homens de Preto 3

Quando um estúdio cria um filme com propósito de torná-lo uma franquia, obviamente a ideia é que os lucros se tornem exorbitantes, seja com a bilheteria, seja com produtos licenciados (brinquedos, roupas, acessórios, álbuns de figurinhas, etc). A Sony não pensou diferente quando lançou o primeiro Homens de Preto, apostando no carisma do ator Will Smith, que tinha se tornado sinônimo de boas bilheterias depois do bem sucedido Independence Day, e na premissa interessante que adaptava as histórias em quadrinhos de um grupo de agentes secretos do governo que controlam a atividade extraterrestre em nosso planeta.

Embora o primeiro filme tenha sido sucesso, foi feita uma continuação às pressas dois anos depois sem metade do carisma da aventura original e que no máximo repetia uma ou outra piada que havia dado certo (como as menções a celebridades exóticas que seriam, na verdade, ets disfarçados entre nós). O resultado, apesar de não ter se tornado um fracasso total, foi a perda de credibilidade dos personagens e o limbo cinematográfico por mais de 10 anos. 

Como a maioria dos expectadores tem a memória muito fraca, o estúdio resolveu apostar e trazer os Homens de Preto de volta, mas desta vez apostando em uma trama mais ambiciosa e com bons personagens coadjuvantes. Homens de Preto 3 acaba sendo uma boa surpresa para quem não tinha nenhuma esperança de que sairia algo bom dali.


Mas Homens de Preto 3 não é um retorno apenas da franquia aos cinemas, mas também do seu diretor, Barry Sonnenfeld, afastado desde Homens de Preto 2 e que estava se dedicando exclusivamente para produções de TV. Pode-se dizer que depois de Tim Burton, Sonnenfeld é o cineasta que melhor sabe explorar personagens excêntricos, haja visto o bom trabalho com A família Addams nos cinemas e com as séries de TV The Tick e Pushing Daisies. O novo filme dos agentes K e J é um deleite de personagens estranhos e, por que não, adoráveis, como o alien Griffin, interpretado com maestria pelo sempre excelente Michael Stuhlbarg, que rouba cada cena do filme a partir do momento em que aparece. O personagem, que tem o poder de imaginar cenários diversos de futuros possíveis (entrando em miúdos, é capaz de olhar através dos multiversos), tem as melhores sequencias do longa e está ligado diretamente à grande surpresa do terceiro ato.

Tommy Lee Jones tem pouco a fazer no filme, já que a trama explora viagens temporais e uma versão mais jovem de seu personagem, que ficou a cargo de Josh Brolin, que se sai bem imitando o jeitão sério de K. O ator ainda é capaz de uma façanha impressionante: conseguir uma química tão boa com Will Smith quanto a do veterano colega (resta saber em como será o desenvolvimento da franquia daqui para a frente, se o personagem de Brolin realmente agradar). Will Smith repete os maneirismos e trejeitos já vistos em outros tantos de seus trabalhos, e sua presença serve mais para criar a identificação com o publico com a nova proposta do  longa.

Como os antecessores, um grande destaque do filme são os efeitos especiais, principalmente se você assistir em IMAX. A sequência do pulo no tempo, uma queda vertiginosa que vai fazer a audiência pirar, se torna ainda mais impressionante na tela gigante. O design dos personagens também está mais bem detalhado e inspirado. O vilão, além de muito bem interpretado pelo pouco conhecido ator Jemaine Clement (que fez a voz de Nigel, a Cacatua vilã de Rio), tem a aparência grotesca e o timbre de voz necessários para causar asco e risos na mesma medida, algo similar ao que aconteceu no primeiro filme. Aliás, ter um vilão que funciona é vital para fazer o filme funcionar, o que não havia acontecido com o seu antecessor.

Homens de Preto 3 tem pontos positivos suficientes para fazer a alegria da Sony em 2012, que ainda conta com O espetacular Homem Aranha para fazer bonito nas bilheterias mundiais. A grande pergunta: como o filme se sairá competindo com o fenômeno Os Vingadores, que ainda está fazendo muita grana nos cinemas mesmo com mais de 1 mês em cartaz? A briga vai ser boa.

Cotação: ***

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