Crítica: IT, A Coisa
Adaptar a obra de Stephen King é algo bastante comum em Hollywood, mas foram poucas as vezes em que os projetos resultaram em algo memorável. Um destes casos é IT, uma obra prima do medo, telefilme que apresentou ao mundo uma das obras mais extensas do escritor, e aterrorizou toda uma geração graças a atuação inspirada de Tim Curry como o palhaço Pennywise.
Quase trinta anos depois - o que é interessante, pois este é também o intervalo em que a criatura surge para uma nova onda de matanças na obra do escritor - Pennywise está de volta, desta vez interpretado pelo Sueco Bill Skarsgård no sensacional IT, A Coisa, filme que não apenas faz justiça à sensacional obra do mestre Stephen King como também eleva a outro patamar técnico o cinema de horror.
Era de se esperar que este novo IT fosse especial, haja vista o nome na cadeira do diretor, Andy Muschietti, que já havia demonstrado talento para assustar em Mama. O diretor tomou várias decisões acertadas nesta adaptação, sendo a mais interessante delas a divisão da história em dois longas, um direcionado à jornada dos protagonistas ainda crianças, e uma continuação (já em produção) com um elenco adulto. A escolha dos jovens que integram o clube dos otários é outro dos acertos do filme, e Muschietti aproveita o hype formado em torno da série da Netflix Stranger Things para trazer o excelente Finn Wolfhard para o time. A presença do jovem ator ajuda ainda mais na comparação entre IT, A Coisa e o popular programa de TV, principalmente por que ambos trazem um grupo de crianças ameaçadas por um inimigo desconhecido e, não menos importante, ambas as tramas se passam na década de 80.
É inegável o talento do diretor para construir um ambiente desolador e o senso de urgência a cada uma das cenas de IT, A Coisa. Mas se o Pennywise de Bill Skarsgård não funcionasse, provavelmente todo este esforço seria em vão. Mas o que vemos na tela é uma atuação tão impressionante quanto a entregue por Tim Curry no passado, favorecida pelos bons efeitos especiais e pela trilha sonora agoniante de Benjamin Wallfisch (V de Vingança, Doze anos de escravidão). O ator some debaixo da maquiagem do palhaço assassino e entrega uma das criaturas mais aterrorizantes do cinema de horror recente.
Talvez para algumas pessoas o excesso de estereótipos dos protagonistas da obra de King incomode, mas Andy Muschietti soube trabalhar muito bem as peculiaridades de cada uma das crianças, dando a todas espaço para brilhar. E sabendo da continuação, dificilmente você não sairá do cinema pensando no ator que ficaria melhor para interpretar as versões crescidas dos personagens.
IT, A Coisa é uma experiência cinematográfica tanto para aqueles que curtem o gênero de horror quanto para um público mais amplo, pois discute diversas questões que estão na moda atualmente e faz uma reconstituição de época muito interessante. É um privilégio perceber que até um gênero que durante muito tempo ficou marginalizado pode voltar a brilhar se estiver nas mãos certas.
Cotação: ****
Amanhã estarei conferindo, sua crítica me deixou mais animada do que já estava. Bjs
ResponderExcluir