Crítica: Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell

A indústria do entretenimento japonesa é uma das mais ricas do mundo. Se considerarmos todo o material produzido na terra do sol nascente entre mangás, animes, livros, filmes e programas de TV, seriam necessários muitos anos para qualquer um se sentir minimamente imerso neste universo. 

Não é de se estranhar então que Hollywood vez por outra procure inspiração em terras nipônicas para sua produção cinematográfica. Podemos citar alguns exemplos, como Círculo de Fogo, o novo Godzilla e, por que não, o recente filme dos Power Rangers. Mas ainda não tínhamos visto um projeto que adaptasse na íntegra e com fidelidade um mangá de sucesso e tão representativo e importante para a cultura pop quanto Ghost in the Shell.

Mas Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell pode ser o começo de uma virada muito bem vinda nesta história. Mesmo com toda a polêmica da escalação de Scarlett Johansson para o papel principal (que reacendeu a discussão do whitewashing em Hollywood), o filme é uma adaptação decente do mangá e, mesmo sem se aprofundar na temática pós-humanista que dá o tom inclusive no anime de 1995, é um entretenimento muito acima da média.


O filme conta a história de Major Kusanagi, uma jovem que após um atentado tem sua mente transferida para um corpo artificial e se torna uma espécia de cyborg, uma arma perfeita, pois todo seu corpo passa a ser composto de componentes artificiais de qualidade militar e alta performance, e ela ainda tem a habilidade de invadir outros cibercérebros. Sua missão é combater os mais perigosos criminosos do mundo, mas tudo começa a mudar quando ela encontra alguém de seu passado que conhece toda a verdade por trás de sua criação. 

Ghost in the Shell foi muito mais bem recebido nos Estados Unidos que no Japão, sendo o primeiro filme de anime a ficar em primeiro lugar nas vendas pela Billboard em seu lançamento. Desta forma, é compreensível que seja o primeiro anime a ganhar uma superprodução de mais de 100 milhões de dólares. Boa parte deste orçamento foi dedicado à recriação de uma Hong Kong futurista e cyberpunk que enche os olhos, embora em alguns momentos fique um pouco artificial. É impossível assistir o filme e não pensar em Blade Runner ou O vingador do futuro, mas mesmo com toda a tecnologia atual os filmes oitentistas parecem ser muito mais realistas. 

Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell sofre de um problema comum em grande parte dos blockbusters atuais, que é o excesso de computação gráfica. Mesmo com o excelente trabalho dos técnicos em efeitos especiais, fica claro que a falta de sequencias com efeitos práticos torna a experiência de assistir ao filme bem menos interessante do que poderia ser. Basta lembrar de Inception, que proporcionou ao publico uma viagem sensorial incrível e utilizou de forma equivalente efeitos especiais e práticos. 

Mas todo este exagero visual não é gratuito. O diretor Rupert Sanders constrói seu filme apoiando-se no excelente design de produção que transpõe com fidelidade as páginas do mangá. O roteiro é eficiente, mais dinâmico que o material original, e mesmo quem torceu o nariz para a escalação de Johansson vai precisar admitir que a atriz tem uma presença envolvente que vai além de sua beleza, e já comprovou que consegue segurar sozinha um filme de ação (se você já viu Lucy, vai entender o que estou falando). Apesar de contar com muitos atores ocidentais, Ghost in the Shell faz justiça às origens e você definitivamente não vai sair do cinema com a sensação de ter visto um filme americano comum.

Vigilante do Amanhã - Ghost in the Shell é apenas a primeira das muitas adaptações de mangás prometidas para os próximos anos, que vão desde Battle Angel Alita, que será dirigido por James Cameron, a Death Note, que estreia em agosto na Netflix. Já estava mais do que na hora de Hollywood prestar atenção e valorizar o que é feito lá do outro lado do mundo. 

Cotação: ***

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