Crítica: Tinha que ser ele

Em Hollywood, é comum se usar a expressão "packs" para grupos de atores, produtores e roteiristas que sempre trabalham juntos. James Franco e Jonah Hill são um exemplo clássico, e filmes como É o fim, Segurando as pontas e até a recente animação Festa da Salsicha tem envolvimento da dupla e outros constantes membros como Seth Rogen e Ben Stiller. O que estes projetos tem em comum? Todos são comédias onde o politicamente incorreto e o escatológico caminham de mãos dadas. 

Embora algumas vezes saiam filmes interessantes desta mistura, não é o caso de Tinha que ser ele, que tem Hill como um dos roteiristas, Stiller como produtor e Franco como protagonista, juntamente com Bryan Cranston, o Heisenberg da inesquecível Breaking Bad.


Tinha que ser ele já tem na sua premissa um clichê muito batido das comédias americanas, o "conhecendo os pais da noiva". Poderia gastar linhas e mais linhas desta crítica enumerando os filmes que utilizaram esta construção narrativa, mas pior que constatar isto antes de assistir é chegar ao final e perceber que nada de novo foi acrescentado em quase duas horas de projeção.

Bryan Cranston é Ned Fleming, um executivo da indústria gráfica que vai com a família para a Califórnia conhecer o namorado da filha, um jovem prodígio do Vale do Silício. Mas o que o rapaz tem de bem sucedido tem de excêntrico, e tudo piora quando o pai descobre as  reais intenções do moço para com sua primogênita. 

O roteiro compensa a falta de criatividade com piadas sobre genitálias, sexo grupal e fluídos corporais que até tiram sorrisos da plateia, embora a maior parte deles seja amarelo e desconcertado. Para os fãs de Bryan Cranston, o estranhamento é ainda maior: é impossível não pensar que o ator poderia utilizar seu talento em um projeto mais interessante. Mesmo James Franco parece desperdiçado, embora o timing para comédia do ator seja indiscutível.

Não bastassem os inúmeros momentos constrangedores, o diretor John Hamburg (que tem no curriculum coisas como os roteiros de Zoolander e sua desnecessária continuação) ainda consegue fazer Gene Simmons e Paul Stanley, roqueiros da banda Kiss, surgirem enfadonhos e desnecessários aos quarenta e cinco do segundo tempo. Se o objetivo era uma homenagem aos lendários artistas, o tiro acaba saindo pela culatra.

Com isso, Tinha que ser ele acaba sendo mais uma decepção para o gênero de comédia, que precisa de fôlego novo com urgência. E neste caso, a máxima do "várias cabeças pensam melhor do que uma " já mostrou que nem sempre funciona. 

Cotação: *

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