Crítica: Kong - A Ilha da Caveira
Todos que amam o Cinema Hollywoodiano tem em suas lembranças aquelas cenas marcantes que nunca saem da memória: seja o assassinato de uma jovem no chuveiro, o lamento de um homem em frente aos escombros da Estátua da liberdade ou o juramento de uma mulher de nunca mais sofrer com a fome e a pobreza. Você pode até pensar em muitas outras, mas com certeza uma delas será a de um certo macaco que escala um prédio icônico de uma das maiores cidades do mundo.
Assim como o Empire State Building, King Kong também é um ícone americano. O macaco gigante deu as caras pela primeira vez em 1933 assombrando as audiências com efeitos em stop motion nunca vistos até então. Retornou em 1976 com mais orçamento, Jessica Lange como seu grande amor e trocando o Empire State por uma das torres do World Trade Center, inaugurado poucos anos antes. E teve sua versão definitiva em 2005 com a superprodução de Peter Jackson, que era uma carta de amor ao filme original e, por que não, ao próprio cinema.
Então, por que motivo fazer um novo filme de King Kong? Os mais afoitos podem dizer que é falta de criatividade ou uma aposta em lucro fácil pelo apelo do macacão com as audiências. Mas a verdade é que este novo Kong surge em uma época em que a criação de universos compartilhados é a nova moda de Hollywood, e os monstros gigantes não poderiam ficar de fora.
Desde que a Legendary Pictures adquiriu os direitos de Kong já circulava o rumor de que o estúdio planejava reunir alguns dos monstros gigantes clássicos do cinema em um universo único. A empreitada começou com Godzilla (2014) e toma forma mais claramente agora com Kong - A Ilha da Caveira.
Este novo filme do Rei dos Gorilas subverte totalmente a fórmula do clássico, e se distancia do que foi feito por Peter Jackson, apesar de também conter pequenas referências à obra original. Não temos o romance com toques de A Bela e a fera e tampouco a ida do gigante para a cidade de Nova York. Kong - A Ilha da Caveira, como explicita o título, concentra suas forças na criação de uma nova mitologia para o lar de Kong e da própria origem do gorilão.
Esta opção por seguir um caminho diferente para a história acaba sendo uma boa surpresa, mas não espere muito da narrativa, que repete alguns dos clichês típicos deste tipo de aventura e não perde tempo desenvolvendo os personagens. Fica claro que o diretor Jordan Vogt-Roberts queria privilegiar as sequências de ação, que estão espetaculares. Vale a pena observar a beleza técnica da cena em que Kong ataca os helicópteros militares: além de muito bem realizada, tem uma fotografia sensacional.
Apesar das referências à Godzilla não serem diretas, os expectadores mais atentos irão notar os diversos easter-eggs que fazem a ligação entre o filme do Gorilão e do Lagarto Atômico. A mais clara, obviamente, é a presença dos MUTO (Massive Unidentified Terrestrial Organism, ou Organismo Terrestre Gigante Não Identificado) como principais antagonistas. É neste ponto que o roteiro acerta, criando um novo propósito para a existência de Kong e preparando terreno para o encontro dos gigantes futuramente. E como nas produções da Marvel, a cena pós-créditos é essencial, por isso não saia correndo do cinema quando o filme terminar.
O elenco de Kong - A Ilha da Caveira segue o padrão dos blockbusters atuais, apostando na diversidade. Os protagonistas Tom Hiddleston e Samuel L. Jackson não comprometem, e Brie Larson foge dos estereótipos e entrega uma mocinha com atitude e determinação. É de John C. Reilly o personagem mais interessante - além de Kong, óbvio! - e talvez o único que crie uma ligação mais emocional com o público.
Kong - A Ilha da Caveira pode até não agradar aos fãs mais xiitas do gorilão, mas cumpre bem seu papel ao apresentá-lo para as novas gerações em todo seu gigantismo e esplendor. E que venham os próximos capítulos deste universo de monstros, que com o perdão do trocadilho, promete ser gigante.
Cotação: ***
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