Crítica: A Cabana

O romance A Cabana de William P. Young se tornou um sucesso global desde seu lançamento em 2007, vendendo mais de 18 milhões de cópias. Apesar de ser um livro essencialmente cristão, trata de temas que são reconhecíveis para os praticantes de qualquer religião, e sua mensagem de amor e perdão emociona até mesmo os corações mais resistentes.

Um projeto para um filme baseado no best-seller já circulava há alguns anos em Hollywood, e por muito tempo a maior curiosidade foi a escalação do elenco que interpretaria personagens tão singulares quanto os apresentados na obra. Agora que A Cabana chega aos cinemas, os fãs podem ficar tranquilos: um dos maiores acertos do filme é o time formado por Sam Worthington, Octavia Spencer, Avraham Aviv Alush e Sumire Matsubara.


Em A Cabana, Mackenzie Phillips ( Sam Worthington) vive um longo período de luto pela perda da filha mais nova, que foi sequestrada e brutalmente assassinada. Um dia, ele recebe uma carta que teria sido enviada a ele por Deus, convidando-o para visitá-lo na cabana onde os indícios do crime haviam sido encontrados. Ao chegar no local, Mack é recebido por pessoas que se apresentam como a Santíssima Trindade, e prometem ajudá-lo a curar-se da dor da perda e reencontrar o caminho da sua fé. 

O diretor Stuart Hazeldine consegue transpor com fidelidade toda a atmosfera do livro e entrega um filme lírico e sensível tanto na narrativa quanto no visual, que se beneficia das belíssimas locações na região de Fraser Valley, na Colúmbia Britânica Canadense. Hazeldine segue a estrutura do romance fazendo poucas e acertadas adaptações na história, e mantém a diversidade étnica dos personagens que sempre foi um dos pontos mais elogiados da obra. 

Para o papel de Deus, foi escalada a veterana Octavia Spencer (Histórias Cruzadas, Estrelas além do tempo), que acertou na mosca o tom de energia e carinho que a personagem tem nas páginas do romance. Expressiva, Spencer arranca lágrimas da platéia desde a sua primeira aparição, e é visível o entrosamento com o astro Sam Worthington. O ator de Avatar e Por um fio se redime das últimas escorregadas na carreira e é a válvula emocional do filme, trazendo a plateia para a jornada de Mack, e fazendo com que todos soframos com ele. Representando os membros restantes da Trindade, Avraham Aviv Alush e Sumire Matsubara também não decepcionam: o ator israelita surpreende como Jesus, e tem uma das mais belas sequencias do filme; já Matsubara é a que possui a missão mais difícil, já que os longos diálogos de Sarayu são os que mais sofrem cortes, e embora o personagem tenha menos impacto que no livro, isto acaba ficando em segundo plano pela beleza e talento da jovem atriz nipônica.

A trilha sonora é mais uma das boas surpresas do filme, e complementa a ação perfeitamente. Os produtores fizeram uma excelente seleção de músicas que mesclam o country americano e o gospel, com destaque para o dueto de Tim McGraw e Faith Hill, “Keep Your Eyes on Me” e a bela “When I Pray for You” da dupla Dan + Shay.

Seja para os fãs do livro ou para o público que será apresentado à obra nos cinemas, A Cabana é uma experiência inesquecível, e vai te fazer voltar a ter fé. Nem que seja apenas no bom cinema. 

Cotação: ****

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