Crítica: John Wick - um novo dia para matar

Originalidade não é muito comum nos filmes de ação hollywoodianos. O gênero, que era bastante popular com o público masculino mas hoje em dia também cativa a audiência feminina (vide sucessos absolutos como 007 - Operação Skyfall e o último Velozes e furiosos), normalmente seguia uma narrativa óbvia e não costumava inventar demais:  bastava uma boa quantidade de explosões e perseguições de carro alucinantes e todo mundo ficava satisfeito.

Acontece que a entrada de cineastas autorais como Joe Carnahan, Michael Mann e Paul Greengrass em projetos do gênero, bem como a influência de produções internacionais como Old boy, Lady Vengeance e até nosso Cidade de Deus, levaram a uma mudança neste paradigma. O público de hoje vai aos cinemas esperando também uma boa história.

Neste caso, John Wick -  um novo dia para matar, não vai decepcionar ninguém. Sequencia do inesperado sucesso De volta ao jogo (2014), o filme expande o universo criado no primeiro longa e se beneficia do orçamento mais gordo para elevar à enésima potencia as exageradas sequencias de ação e pancadaria.


Confesso que o antecessor passou despercebido por mim nos cinemas, mas John Wick -  um novo dia para matar funciona até mesmo para os não iniciados, pois a trama faz apenas pequenas menções aos acontecimentos da primeira parte. 

No filme, John Wick (Keanu Reeves) é forçado a retornar sua vida de assassino profissional mais uma vez e viaja para Roma para matar a líder recém empossada de uma poderosa organização. Mas uma traição em seu clã fará com que ele passe a ser procurado por assassinos de todo o mundo, e sua busca por vingança o colocará contra seus antigos aliados. 

Não é novidade para ninguém que o talento de Keanu Reeves é limitado, no entanto o personagem cai como uma luva para ele, pois não há grandes exigências dramáticas no roteiro. Entretanto, as sequencias de ação permanecem o ponto alto de sua atuação, da mesma forma que em outros trabalhos como Velocidade Máxima e Matrix. 

Apesar da violência explícita - você vai se sentir como em um jogo de tiro em primeira pessoa - não falta bom humor a John Wick -  um novo dia para matar. A maioria das vezes esse humor não é gratuito, e se concentra em bons coadjuvantes como Ian McShane e Laurence Fishburne. Mas quando precisa ser sério, o filme concentra suas forças nas excelentes coreografias das cenas de luta e nas boas escolhas do departamento de arte (a cena do terceiro ato em uma sala de espelhos é sensacional). É interessante também a forma como o roteiro brinca com os "teóricos da conspiração", mostrando uma Nova York em que até mesmo um mendigo ou uma simples violonista podem ser assassinos em potencial. 

John Wick -  um novo dia para matar mostra que algumas franquias nascem de onde menos esperamos. John Wick pode não ser o novo Jason Bourne, mas ao menos sabemos que Hollywood entendeu como fazer um bom filme de ação. 

Cotação: **

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: O Lorax - Em busca da Trúfula perdida

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica: Os Pinguins de Madagascar