Crítica: Armas na Mesa
A liberação legal do porte de armas é uma das grandes discussões políticas e sociais em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos. Hollywood não ficou alheia à esta questão, que já foi discutida em filmes como Tiros em Columbine e Elefante. Mas nunca antes um longa traria o tema de forma tão interessante quanto neste Armas na Mesa.
É importante notar que o filme, assim como outro projeto polêmico de ano - The Birth of a Nation, do diretor Nate Parker - praticamente sumiu das listas de melhores do ano na temporada de premiações, apesar do apuro técnico e das grandes atuações do seu elenco. Mesmo que não diretamente, Armas na Mesa defende a restrição do uso de armas pela população, e isto gerou uma onda de boicotes ao longa que explica o resultado pífio nas bilheterias e uma distribuição bastante tímida nos mercados mundiais.
Mas quem tiver a oportunidade de assistir vai se deparar com um excelente thriller político que tem Jessica Chastain em uma das melhores performances da carreira. Do primeiro ao último take, o filme se sustenta na figura da protagonista Elizabeth Sloane, que é interpretada pela atriz com energia e consistência admiráveis. Um total absurdo sua ausência na categoria de melhor atriz no Oscar 2017.
Armas na Mesa mostra a batalha de uma lobista de Washington para aprovar no Congresso Americano uma lei que limita o acesso à armas de fogo. Para atingir este objetivo, ela precisa antecipar-se a todos os movimentos de seus oponentes, mesmo que signifique burlar regras e quebrar códigos de ética da sua discutível profissão.
O diretor John Madden (Shakespeare Apaixonado) opta por começar a contar a história do momento em que Sloane é investigada e julgada por sua conduta, e em paralelo há toda a narrativa principal para explicar como os eventos atingiram aquele ponto. Esta escolha de montagem instiga a audiência e torna mais relevante a reviravolta final. O roteiro de Jonathan Perera é dinâmico e tem bons diálogos, embora algumas soluções narrativas acabem parecendo muito óbvias e previsíveis.
No geral, Armas na Mesa é um bom filme que acerta por propor à audiência uma reflexão sobre os jogos de poder e as maquinações que movimentam o sistema político. Nada muito diferente do que vemos todos os dias nos jornais por aqui.
Cotação: ***
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