Crítica: Snoopy e Charlie Brown - Peanuts, o filme

Snoopy e Charlie Brown. Se você disser estes nomes a qualquer adulto que tenha entre trinta e quarenta anos, com certeza vai perceber um sorriso, mesmo que tímido, no rosto deles. As criações máximas do quadrinista americano Charles Schultz (1922-2000) fizeram parte da infância de diversas gerações, e até hoje permanecem no imaginário coletivo - por aqui, até batizaram uma banda de rock. 

Embora apresente os personagens vivendo em um subúrbio tipicamente americano - onde crianças jogam beisebol, se vestem para o Halloween e enfrentam invernos com tempestades de neve rigorosas - o que tornou a criação de Schultz atemporal e um sucesso mundial foi a natureza doce das histórias contadas (onde até mesmo o cinismo e a crítica social são feitas de maneira ingênua) e as características únicas de personagens como Lucy, Linus ou Paty Pimentinha; parecia que um dia na sua vida você tivesse conhecido qualquer um deles, tão reais e genuínas eram suas personalidades. 

Quem nunca se viu no lugar de Charlie Brown? As desventuras do menino atrapalhado e seu simpático mascote poderiam representar qualquer um de nós, afinal, quem nunca sofreu por uma paixão não correspondida, se sentiu invisível frente aos amigos populares ou foi o último a ser escolhido para aquele esporte em que não se saía bem? Charlie era quase um Woody Allen mirim, tão grande era seu complexo de rejeição e neurose exacerbada.

Se pensarmos nos dias de hoje, quando as salas de cinema foram invadidas por produções em animação caríssimas e cheias de efeitos visuais em computação gráfica, o lirismo de Snoopy e cia parecia fadado a não ter espaço, a ser completamente esquecido. Foi então que o estúdio criador de A Era do Gelo e Rio decidiu apostar e acerta em cheio ao apresentar às novas gerações estes queridos personagens, em Snoopy e Charlie Brown - Peanuts, o filme.


Mesmo recriados por computação gráfica, os personagens de Charles Schultz permanecem os mesmos na tela. A contribuição das modernas técnicas do cinema de animação atual, aqui, servem apenas como um belo complemento técnico para uma história simples, que é fiel a tudo o que conhecemos e tira vários sorrisos saudosos de nossos rostos. 

Charlie Brown e seus amigos são surpreendidos pela chegada na cidade de uma nova vizinha, uma bela garotinha ruiva, que encanta o coração do menino de blusa listrada. Enquanto Charlie enfrenta os próprios medos para tentar impressionar a ruivinha, seu cão atrapalhado Snoopy vive as próprias aventuras românticas à bordo de sua casinha-avião, sempre acompanhado do canário Woodstock. Além da dupla, todos os memoráveis personagens tem seu espaço, e as referências à série de TV que encantou por anos estão todas lá, criando momentos únicos de nostalgia - é impossível não se emocionar com o tema clássico da série tocando ao fundo.

Tanta fidelidade e respeito ao espírito das histórias originais é resultado de uma importante parceria do estúdio Blue Sky com os herdeiros de Charles Schultz, que supervisionaram cada passo da criação do filme. Esta união garantiu a Snoopy e Charlie Brown - Peanuts, o filme o direito de tornar-se um representante legítimo do legado do quadrinista, e um lugar especial no coração de cada marmanjo que assisti-lo nos cinemas.

Se existe um programa imperdível para fazer em família nestas férias de verão, pode acreditar, é assistir a este filme nos cinemas. Afinal de contas, pais e mães de verdade não irão querer privar seus filhos da alegria de terem Snoopy e companhia para sempre em suas memórias.

Cotação: ****

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: Os Pinguins de Madagascar

Crítica: Homens de Preto 3

Maiores Astros da Pixar