Crítica: O Bom Dinossauro

Com dois filmes lançados em 2015, a Pixar acabou sentindo o peso de concorrer com ela própria - coisa que os outros estúdios de animação já perceberam há tempos que não é nada fácil. Divertida Mente chegou antes às telas e rompeu um jejum de trabalhos originais da produtora que já durava três anos (desde Valente, de 2012) apresentando uma história cativante e criativa, que emocionou as plateias ao redor do mundo e tornou-se a segunda maior bilheteria da história do estúdio. Alguns meses depois, cabia a O Bom Dinossauro a difícil tarefa de manter este resultado sensacional mesmo depois de passar por problemas na produção - que causaram o atraso no lançamento do filme, que deveria ter sido lançado em 2014 - e bater de frente com pesos pesados como o último Jogos Vorazes e o novo capítulo da Saga de Guerra nas Estrelas.

O jogo não foi de todo perdido, apesar da bilheteria abaixo das expectativas nos EUA. O Bom Dinossauro mantém diversas das características que nos fazem amar o trabalho da Pixar: protagonistas fofos, animação deslumbrante e uma trilha sonora arrebatadora são algumas delas. Mas o filme peca pelo roteiro pouco inspirado e repetitivo.


Talvez a maior bola fora da equipe de O Bom Dinossauro foi não aproveitar de maneira mais inteligente a interessante premissa que sempre carregou a produção: o que teria acontecido se o meteoro que matou os dinossauros tivesse errado o alvo? No filme, isto ocorre quase exclusivamente para justificar a interação entre dinossauros e seres humanos. Interação, esta, que praticamente se resume à jornada de Arlo e Spot, que desenvolvem uma amizade improvável que vai contribuir para o crescimento e amadurecimento de ambos. Embora os protagonistas sejam inegavelmente carismáticos, sente-se a falta de bons personagens secundários, e o grande coadjuvante acaba sendo a maravilhosa arte do filme.

Em diversos momentos, você sentirá que está acompanhando um documentário do Discovery Channel ou Animal Planet. Os cenários são tão assustadoramente reais que fica difícil não se emocionar, e tudo fica ainda mais belo graças à direção de fotografia - que mais uma vez levantará a eterna discussão do motivo pelo qual filmes de animação não são considerados nas premiações de cinema nesta categoria; a utilização de cores e texturas é perfeita, bem como os enquadramentos. Sequencias inteiras parecem saídas diretamente de pinturas clássicas. Um trabalho primoroso dos animadores.

O Bom Dinossauro pode não ser a mais memorável das obras da Pixar, mas faz justiça ao selo de qualidade desta produtora genial. E o melhor é saber que são apenas cinco meses até Procurando Dory chegar aos cinemas. Fã de verdade não tem do que reclamar.

Cotação: **

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