Crítica: Perdido em Marte

Ridley Scott é um diretor bastante versátil, mas na sua vitoriosa carreira os filmes de ficção científica carregam uma importância significativa. Dentre eles, Alien - o oitavo passageiro detém a alcunha de ser o precursor de um subgênero: a ficção científica de horror. Mas o detalhe mais interessante nos trabalhos de Scott neste gênero era uma visão do espaço desconhecido como um local de inevitáveis perigos.

Por este motivo Perdido em Marte já merece a atenção dos fãs do diretor: novamente o espaço e o desconhecido apresentam barreiras e perigos, mas que são sobrepujados pela coragem, determinação e a esperança dos seres humanos.


Se em Prometheus o diretor flertou com o desejo da ciência em entender a origem da vida humana, em Perdido em Marte ele brinca com uma questão até bastante atual, que é a possibilidade de sobrevivência da raça humana em colônias fora do nosso planeta. Embora as principais agencias espaciais desenvolvam trabalhos neste campo e com frequencia divulguem dados das pesquisas realizadas, ainda é um sonho distante para o homem. 

Também é neste ponto de enfocar as agencias espaciais que está um dos aspectos mais interessantes do roteiro de Perdido em Marte: embora claramente este tipo de filme quando feito em Hollywood acabe se tornando uma propaganda indireta da NASA - agencia americana que atualmente passa por crises orçamentárias e de credibilidade -, a narrativa aproveita para alfinetar questões como conflitos de interesse e jogos de hierarquia que podemos observar em qualquer empresa em qualquer setor. Para se ter uma ideia, o principal ato heroico do filme ocorre por uma atitude insubordinada tanto das equipes em terra quanto dos astronautas em missão no espaço.

Mas e Matt Damon nesta história toda? O ator é a alma do filme, mas diferente do que houve em Náufrago ou no recente Gravidade - em que os personagens de Tom Hanks e Sandra Bullock praticamente atuavam com o vazio - seu isolamento em Marte alterna cenas em nosso planeta, e sua interação com a terra a cada nova conquista em sua luta por sobrevivência gera os momentos mais interessantes e, acreditem!, engraçados do filme. Damon acertou o tom na sua interpretação, e emociona o público principalmente nas sequencias finais. 

Perdido em Marte ainda reserva uma surpresa a mais ao público, com sua trilha sonora extremamente viciante, que acompanha a leveza com que a história é contada. A trilha original é composta por Harry Gregson-Williams (Prometheus, Êxodo - Deuses e Reis), uma mistura de música clássica e eletrônica. Também há uma trilha de músicas pop dos anos 60 aos 90 incluída na história do filme na forma de uma playlist, e os sucessos acompanham o personagem de Matt Damon em seu isolamento (é inevitável considerar a influência que o sucesso de Guardiões da Galáxia teve nesta escolha do diretor).

Ridley Scott faz com Perdido em Marte seu trabalho de ficção mais otimista, o que deixa ainda mais expectativa para seus próximos projetos no gênero - a sequencia de Prometheus, como diretor, e de Blade Runner, na produção. Vamos ver que caminho o cineasta vai seguir. 

Cotação: ***

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: O Lorax - Em busca da Trúfula perdida

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica: Os Pinguins de Madagascar