Crítica: Homem Formiga

Foi-se o tempo em que os filmes de super heróis eram uma aposta arriscada. Se na década de 80 o filme Batman causou um rebuliço - muito em parte, diga-se de passagem, pela sua produção conturbada -, hoje os seres com poderes especiais são responsáveis pelo nicho mais lucrativo da milionária indústria cinematográfica.

Mas mesmo neste novo paradigma, pensar em um filme do Homem Formiga sendo lançado 10 anos atrás seria o mesmo que contar uma piada das mais infames. Praticamente desconhecido do grande público, o herói diminuto é um dos mais antigos personagens do Universo Marvel, mesmo não sendo muito popular até entre os leitores mais ávidos. Mas frente a pesos pesados da Editora como Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Homem Aranha ou Quarteto Fantástico, o Homem Formiga era um personagem, com o perdão do clichê, menor.

Mas Guardiões da Galáxia está aí pra provar que popularidade não é mais necessariamente a única garantia de retorno financeiro, pelo menos quando o assunto é adaptações de super heróis para o Cinema. E Homem Formiga faz cair por terra de vez essa conversa de que só os pesos pesados das HQs podem render grandes filmes.

 

O filme, contudo, não chegou às telas com muita facilidade. Há anos em desenvolvimento pelo cineasta Edgar Wright - que acabou afastando-se do projeto por divergências criativas com os produtores -, Homem Formiga acabou nas mãos de Peyton Reed, diretor mais conhecido por comédias de baixo orçamento. Mas assistindo o filme, vê-se que a essência da narrativa é bastante familiar ao estilo de Wright e manteve sua ideia de um filme de assalto com toques de humor.

Na trama, o ladrão Scott Lang (Paul Rudd) tem a chance de redimir seus erros do passado ao encontrar-se com Hank Pym (Michael Douglas), o criador de uma arma poderosa: a partícula Pym, capaz de alterar a densidade e tamanho de pessoas e objetos. Para ajudar Hank, Lang terá de tornar-se o Homem Formiga e roubar uma perigosa arma que foi desenvolvida a partir da tecnologia descoberta por Pym. 

Apesar de parecer não se encaixar no Universo Cinematográfico Marvel, Homem Formiga foi espertamente inserido com as referências diretas e indiretas aos demais filmes do estúdio. Quem está mais familiarizado e acompanha as produções pescará facilmente todas, e as mais óbvias - como a participação do Vingador Falcão - não são gratuitas e contribuem de forma eficiente para o roteiro. Outro acerto do filme é a esperada menção à Vespa, um dos membros fundadores dos Vingadores, e que pelos trailers e imagens promocionais parecia não estar no filme. Não fica muito claro se a clássica Janet Van Dyne dará as caras nos próximos filmes - falar mais seria estragar uma das grandes surpresas da produção - ou se a personagem de Evangeline Lilly se tornará uma nova Vespa, mas desde já fica a expectativa para que Vingadores - Guerra Infinita traga a heroína entre um dos membros da equipe.

Como as demais produções do Marvel Studios, Homem Formiga não desaponta nos quesitos técnicos. Os efeitos de diminuição são fantásticos, e as cenas de ação criadas com os recursos do poder do personagem foram bastante eficientes. O que faltou foi uma trilha sonora mais envolvente e um tema para o personagem que o representasse, o que considerando um herói diminuto, seria por demais interessante.

Homem Formiga é mais um acerto gigante da Marvel e comprova que os filmes de heróis vieram realmente para ficar. Em 2016 teremos a prova de fogo, com a maior quantidade de produções do gênero sendo lançadas em todos os tempos. Para quem é nerd, é um momento realmente especial na produção cinematográfica.

Cotação: ****

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