Crítica: Para Sempre Alice
Não pude deixar de comparar a performance de Julianne Moore com a de Emmanuelle Riva em Amor, de Michael Haneke, depois de assistir "Para Sempre Alice". Não apenas pelo fato de ambas interpretarem mulheres com Alzheimer, mas pelo nível altíssimo de suas performances.
Talvez a única diferença entre Riva e Moore é o fato da primeira ter sido assistida pela direção extremamente precisa de Haneke, e ter ao seu lado o grande Jean-Luis Trintignant, que estava tão arrebatador quanto ela. Amor tinha uma narrativa mais densa, mais forte, e o peso da tortura da doença recaia com igual intensidade sobre os dois personagens principais. Para Moore, não houve essa facilidade: ela carrega Para Sempre Alice literalmente nas costas.
Julianne Moore está tão perfeita, tão entregue ao seu personagem, que por vezes a sua dor e angústia passam a ser a nossa como interlocutores de seu drama. Cada passo da evolução da doença é incrivelmente desenvolvido pela atriz, e suas reações a cada um deles são tão genuínas que fica difícil de acreditar que se trata de uma obra de ficção.
Não havia dúvidas que Julianne era uma das melhores atrizes de sua geração, fato comprovado por trabalhos em filmes como Longe do Paraíso, As Horas e Ensaio sobre a Cegueira. O Oscar conquistado no último domingo não apenas é um prêmio merecido - mesmo com as excelentes performances de Rosamund Pike em Garota Exemplar e Reese Witherspoon em Livre, consideradas as concorrentes mais fortes na categoria - como também coroa a carreira da atriz em seu ápice, aos 54 anos de idade.
Para Sempre Alice pode não ter sido um dos grandes filmes de 2015, mas certamente ficará marcado por ser o filme que deu o Oscar a uma das damas do Cinema moderno. E isso não é pouca coisa.
Cotação: ***
Acabei de ler o livro e gostei demais, ansiosa para ver o filme, depois dessa crítica preciso ver o filme para ontem.
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