Crítica: O Juiz

É complicado para um ator quando seus personagens começam a confundir-se com ele próprio. Em alguns casos funciona, principalmente nas comédias, se a característica em pauta é ser engraçado. Mas para um ator que tem pretensões dramáticas, isto é praticamente o cheque mate se a questão era sair do óbvio.

Infelizmente Robert Downey Jr hoje se adequa totalmente a este quadro. Alçado à condição de estrela depois do sucesso em Homem de Ferro, e hoje um dos mais bem pagos atores de Hollywood - seu cachê para Os Vingadores foi de 50 milhões de dólares e mais um percentual da venda de ingressos -, Downey Jr agora pode escolher os projetos e até tem liberdade para fazer sugestões nos roteiros. Entretanto, a sensação de déjà vu que se tem ao observar suas últimas atuações já está tornando-se incômoda - e o público está começando a notar.

O Juiz é o típico filme feito como veículo para a carreira de um ator - e seu principal problema começa aí. Vendido pela Warner como um de seus projetos com pretenções de figurar nas grandes premiações do Cinema, o filme tem, além de Downey Jr, o experiente Robert Duvall e a belíssima Vera Farmiga no elenco. Mas isto não é o suficiente para fazer da história de reconciliação entre pai e filho minimamente interessante.


Robert Downey Jr é Hank Palmer, um advogado brilhante, mas com poucos escrúpulos no exercício da profissão. Ao receber a notícia da morte da mãe, ele precisa abruptamente retornar à sua cidade natal, e aos fantasmas de um passado que o assombram. Mas a visita se torna mais longa pois seu pai (Duvall), um respeitado juiz tão inflexível com a lei quanto com a disciplina em seu lar, envolve-se em um homicídio. Hank então resolve deixar suas diferenças de lado e ajudá-lo em sua defesa.

Não há nenhuma novidade na trama de O Juiz, e a falta de frescor no script também se reflete na direção de David Dobkin (Amizade Colorida, Penetras bons de bico). Ele conduz o filme de forma preguiçosa, amparando-se no seu principal astro e deixando pouco espaço para os demais atores brilharem, incluíndo Robert Duvall, apesar de sua atuação convincente. Soma-se a isto os diálogos clichês e as sequências de tribunal que parecem saídas de um carbono de outros filmes, e está feito o estrago.

A questão que a Warner parece ter esquecido é que um astro, hoje, já não segura o sucesso de um filme se o material não for bom. Robert Downey Jr leva milhões de pessoas para as salas de cinema com o Homem de Ferro? Sim, mas existe por trás disso a paixão dos fãs pelo personagem. 

O Juiz é aquele tipo de filme que vai ser esquecido assim que você passar pela porta do Cinema, e a bilheteria nos EUA está apenas comprovando esta afirmação. Se ainda tem planos para assisti-lo, vale mais a pena ligar a televisão e assistir a um boa série de drama. Lá eles sabem muito bem o que estão fazendo.

Cotação: **


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