Crítica: Hércules
A Mitologia Grega é um terreno fértil para a imaginação dos roteiristas de Hollywood, embora possamos contar nos dedos os projetos bem sucedidos que foram protagonizados pela turma da antiga Grécia. O poderoso Hércules, um dos seus mais conhecidos personagens, foi também aquele que mais ganhou chance nas telas, fosse na TV ou no Cinema. Brett Ratner, ciente disto, queria fazer algo diferente: mostrar o semi-deus de forma mais factível, sem deixar de lado sua grandeza e seu grande poder.
E foi nos quadrinhos que o diretor encontrou sua versão perfeita do herói grego: a graphic novel Hércules - The Thracian Wars, lançada em 2008 pela Radical Comics. A série mostrava Hércules como líder de um grupo de mercenários, e explorava de forma mais acentuada a figura do homem por trás da lenda. Este espírito foi mantido em Hércules, porém com menos violência, o que garantiu ao filme uma classificação etária mais branda e que na teoria ampliaria seu público.
Mas não foi o que se viu na estreia; apesar de todas as concessões para garantir uma maior audiência nas salas de cinema, Hércules não conseguiu empolgar e faz uma passagem apenas mediana pelas bilheterias americanas, mesmo contando com o carisma de Dwayne Johnson - que mais de uma vez durante a produção do longa disse que este seria o papel mais importante de sua carreira - e com outros bons nomes no elenco.
Não é necessariamente um resultado justo. Embora Hércules repita alguns clichês típicos dos épicos de aventura, no geral o filme é bastante interessante, tanto narrativa quanto visualmente. The Rock faz de seu Hércules um homem atormentado por um fantasma de seu passado, um guerreiro orgulhoso que se aproveita do terror que as lendas que rodeiam seu nome infringem em seus inimigos. É fácil perceber que o ator acredita e defende o personagem com unhas, dentes e músculos, claro. A escolha de Brett Ratner por utilizar mais cenografia e menos chroma key foi acertadíssima, trazendo um pouco mais de personalidade ao fiilme e diferenciando-o de outras produções do gênero lançadas recentemente, como 300 ou Imortais; os cenários criados na Hungria chamam a atenção pelo gigantismo, e os efeitos especiais, quando utilizados, complementam a ação sem comprometer o ritmo.
Na aventura, Hércules e seus companheiros são convocados pelo Rei da Tracia (John Hurt) para enfrentar um inimigo cruel que está colocando em risco a segurança de milhares de pessoas. Em meio ao conflito, eles ficam em dúvida se estão do lado certo, e caberá a Hércules reencontrar sua verdadeira natureza de herói para então salvar a Tracia e toda a Grécia.
Como mencionado anteriormente, o elenco é um dos trunfos de Hércules. Ian McShane novamente chama tanta atenção quanto o protagonista, e seu personagem tem uma pegada cômica que funciona. O pouco conhecido Rufus Sewell também se destaca como Autolycos, o amigo mais próximo do semi-deus. E Joseph Fiennes, apesar de ter pouco a fazer, está irreconhecível como o Rei Eurystheus de Atenas. Entre as atrizes, uma boa surpresa é a Norueguesa Ingrid Bolsø Berdal, que engrossa a fila de beldades que são capazes de colocar qualquer marmanjo - literalmente - na lona. Sua Atalanta é um mix perfeito de sensualidade e força.
Mesmo não sendo tão divertido quanto a aventura da Disney, Hércules é uma boa pedida para quem gosta de um bom filme pipoca cheio de ação. Veja o filme e aproveite para conferir a história em quadrinhos, que também é sensacional.
Cotação: ***
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