Crítica: X-men - Dias de um Futuro Esquecido

Ninguém pode negar que o Cinema de entretenimento deve muito a Brian Singer. Se X-men, o filme não tivesse dado o pontapé inicial no retorno das adaptações de quadrinhos, hoje não teríamos esta grande quantidade de filmes de heróis nas telas, que estão fazendo bonito nas bilheterias e representando um importantíssimo nicho para a indústria fílmica. Não fossem os sucessivos erros cometidos pela FOX, os Mutantes seriam a jóia da coroa deste rentável panteão super-heróico.

X-Men – dias de um futuro esquecido surge, então, como o divisor de águas para a cronologia cinematográfica dos filhos do átomo, trazendo de volta Singer e a reunião dos elencos da trilogia original e do bem sucedido X-men – primeira classe. Mas para entrar no clima da nova aventura mutante, o espectador vai ter que engolir alguns furos colossais de continuidade da franquia e os clichês básicos que envolvem histórias com viagens no tempo. Passado este torpor inicial, a experiência vai se tornar incrivelmente satisfatória. 


X-Men – dias de um futuro esquecido começa em uma linha temporal em que a humanidade foi subjugada, e os sobreviventes – humanos ou mutantes – vivem refugiados em um mundo devastado e lutando contra um inimigo que não pode ser vencido. Uma nova esperança se abre quando o Professor Xavier e Magneto utilizam os poderes de Kitty Pride para enviar a consciência de Logan a um ponto no passado em que Mística (Jennifer Lawrence, com menos maquiagem e ainda mais graciosidade) cometera um assassinato cujas conseqüências teriam ocasionado a tragédia. Para isto, Wolverine teria que contar com a ajuda dos jovens Xavier e Magneto, distanciados por seus objetivos conflitantes quanto ao futuro da convivência entre o homo sapiens e o homo superior.

Toda esta premissa serve de mote para que a FOX arrume a casa e reconstrua o Universo dos mutantes no Cinema. Deve-se considerar que o filme é, sim, uma continuação direta de Primeira Classe, mas que utiliza de maneira inteligente a cronologia e os acontecimentos dos filmes anteriores – até mesmo aqueles que possuem coerência totalmente duvidosa. O ponto forte permanece sendo os personagens e os bem elaborados efeitos visuais. Finalmente sendo mostrados na franquia mutante, os Sentinelas surgem com visual totalmente diferente do que costumamos ver nos quadrinhos, mas que funciona como uma luva na telona.

Novas caras não faltam em X-Men – dias de um futuro esquecido. Embora tenham pouco tempo em cena, os Novos Mutantes liderados por Bishop (Omar Sy, do sucesso francês Intocáveis) são responsáveis pelas melhores sequencias de ação. São apresentados, além de Bishop, Mancha Solar, Apache e Blink, além dos já vistos Kitty Pride, Colossus e Homem de Gelo. A interação entre eles e a união dos poderes em batalha rendem cenas espetaculares. Mas quem rouba a cena mesmo é o velocista Mercúrio (Evan Peters, hilário), que também será visto em Vingadores – a Era de Ultron, o que causou uma saia justa entre a FOX e a Marvel Studios sobre os direitos do personagem, que nos quadrinhos já foi tanto um X-men quanto um Vingador, mas é mutante e filho de Magneto (o que daria mais créditos à FOX). Quem pensava que a participação do mutante no filme seria apenas um capricho dos produtores, se enganou: todo o arco que envolve o personagem é simplesmente espetacular, tanto narrativa quanto visualmente. Falar mais seria estragar as surpresas.

De um modo geral, considerando o tempo de tela e a importância de cada personagem na trama, este é o filme mais conciso dos X-men. Não há, como antes, preciosismo na figura de Wolverine, que oficialmente nem é o protagonista – papel que podemos considerar ser de James McAvoy ou Michael Fassbender, novamente impecáveis. Mesmo os mutantes que fazem apenas pontas de luxo tem um motivo claro para estarem ali, e, devo acrescentar, algumas surpresas nesse sentido são muito bem vindas e até mesmo emocionantes.

Se ainda não é “o” filme dos X-men que o público pede e espera, podemos dizer que desta vez chegamos bem perto. A cena pós-créditos dá a dica do que virá pela frente, e deixa um gostinho de quero mais, similar ao que tivemos em Os Vingadores. Vamos torcer que a FOX tenha aprendido um pouco com o Marvel Studios e nos surpreenda na próxima aventura.

Cotação: ***

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