Crítica: Godzilla

A humildade finalmente está chegando a Hollywood. Anos depois de Rolland Emmerich destruir um ícone pop com sua versão desastrada em 1998, eis que uma cabeça pensante resolve refletir onde estava o erro com a superprodução que levou o lagarto gigante nipônico para as telas grandes no Ocidente. Faltava ao filme exatamente aquilo que era mais essencial em uma adaptação: ser fiel ao material original. E dezesseis anos mais tarde, eis que uma película que faz jus ao legado do Rei dos Monstros finalmente chega às telas, e com todos os ingredientes que prometem fazer a alegria dos nerds e, também, do grande público.

Godzilla já prometia ser diferente desde as primeiras artes promocionais mostradas na Comic Con de San Diego e nos teasers lançados ao longo dos meses nos cinemas. Era  um clássico filme de monstros com toda a destruição, sim, que fez a fama do gênero catástrofe, mas que não tinha medo de ousar no visual e na atmosfera. E vale a pena cada minuto de suspense antes da aparição triunfal da criatura, que está simplesmente espetacular.


A narrativa segue a estrutura clássica do cinema catástrofe, misturando dramas familiares com conspirações governamentais. A figura da vez é o personagem de Bryan Cranston - alçado ao status de estrela após o sucesso estrondoso de Breaking Bad - um cientista nuclear que perde a mulher em um incidente numa usina no Japão e passa anos tentando provar ao mundo que aquilo não se tratou de um acidente. O filho, Ford (Aaron Taylor Johnson, o Kick-ass e futuro Mercúrio em Vingadores - A era de Ultron), deixa a família nos EUA para ajudar o pai, que é preso após invadir o local do acidente, protegido pelo governo e falsamente decretado como uma área de risco. Eles não imaginavam, entretanto, que a causa do colapso estava próxima de ressurgir, e que traria consigo a aparição de um predador alfa da antiguidade de nosso planeta, conhecido como Gojira, o Rei dos Monstros.

Grande parte da graça do novo Godzilla são as referências e homenagens aos filmes nipônicos do monstro. E o fato de ele não estar sozinho é uma grata surpresa. Os MUTOs, seres gigantescos que se alimentam de radiação e surgem como uma ameaça ao equilíbrio natural, possuem um visual arrebatador que remete às criaturas clássicas que enfrentaram o monstro. E o embate entre eles e Godzilla garante as melhores sequencias do filme, onde os humanos não passam de formigas à mercê dos deuses gigantes, e suas cidades e casas a arena de um combate épico.

O diretor Gareth Edwards é praticamente um iniciante (possui apenas mais um filme no curriculum, o drama Monsters), mas os produtores Jon Jashini e Thomas Thull já possuem experiência com monstros, tendo trabalhado nos recentes Círculo de Fogo Fúria de Titãs. Isso deve ter sido a diferença fundamental para a dinâmica do filme, que mistura com sucesso grandes sequencias autorais e ação de tirar o fôlego, e ainda se preocupa em impressionar o público com uma fotografia impecável e efeitos especiais de ponta.

O novo herói Hollywoodiano é verde, escamoso, tem a altura de um arranha-céu e come monstros gigantes no café da manhã. Se Cinema é a melhor diversão, pode ter certeza que esta receita vai garantir a alegria de muita gente.

Cotação: ***

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