Crítica: Velozes e Furiosos 6

Nunca houve no cinema uma franquia que teve tantas segundas chances quanto Velozes e Furiosos. Depois que o primeiro filme fez um relativo sucesso em 2001, a Universal fez diversas escolhas ruins com a série, que teve sua primeira sequencia sem o astro Vin Diesel (que preferiu dedicar-se aos projetos A Batalha de Riddick e Triplo X) e uma segunda totalmente sem conexão com as anteriores e com um elenco desconhecido, típico de produção de baixo orçamento. Foi apenas em 2007, depois de praticamente enterrar Toretto, O´Connor & companhia, que o estúdio resolveu juntar tudo o que havia dado certo nos filmes anteriores e colocar a franquia nos eixos.

Demorou um pouco, mas agora parece que eles encontraram o caminho certo. Velozes e Furiosos 6 deixa  de lado a tentativa de ser um filme focado apenas nas sequencias espetaculares de corrida para se entregar de vez à ação e ao divertimento pop desprovido de grandes pretensões artísticas.


O resultado das bilheterias é a prova de que o público aprovou a nova fórmula, já que o filme se firmou como a maior abertura da franquia e ficou em primeiro lugar no concorrido fim de semana em que ainda estavam em cartaz pesos pesados como Se beber, não case 3 e Além da Escuridão - Star Trek. Na trama, depois de ficarem milionários com o sucesso do golpe no Rio de Janeiro, o grupo de Toretto (Vin Diesel) se afasta dos golpes para curtir a vida e cuidar das famílias. Ao mesmo tempo, o agente Hobbs (Dwayne Johnson) está à caça de um outro grupo de criminosos que está em atividade na Europa, sob o comando de Shaw (Luke Evans), um ex-oficial britânico que possui em sua equipe alguém que no passado tinha forte ligação com Toretto, o que leva Hobbs a procurar os antigos adversários para propor uma aliança. 

O diretor Justin Lin mantém o ritmo frenético dos filmes anteriores que dirigiu, tendo aqui seu melhor desempenho nas sequencias de ação. Até mesmo o humor está mais refinado, prova de que o tempo que passou na TV no comando de alguns episódios da série Community vieram bem a calhar. O roteiro continua nas mãos de Chris Morgan (que atua em parceria com Lin desde Desafio em Tóquio) com alguns colaboradores, o que é interessante pois garante a continuidade na história que está sendo contada. Velozes e Furiosos 6 continua exatamente onde Operação Rio terminou, e sua cena pós-créditos já engata o que virá a seguir, prova de que a Universal acredita como nunca na sua franquia mais rentável na atualidade.

Se os automóveis deixaram de ser os astros de primeira grandeza, não pense que eles simplesmente são deixados de lado. Velozes e Furiosos 6 ainda mostra máquinas espetaculares que fazem bater mais forte o coração de qualquer apaixonado por carros e velocidade. O sucesso comercial de Operação Rio possibilitou um aumento considerável no orçamento desta continuação, e é visível o apuro técnico de algumas sequencias no terceiro ato, principalmente as que envolvem uma perseguição espetacular envolvendo os carros da equipe de Toretto contra um Tanque de Guerra do Grupo Rival - em uma mentirada digna dos melhores filmes de 007. Neste momento, qualquer um diria que o filme deveria chamar Velozes e mentirosos, mas não tem como não dizer que não é divertido.

Obviamente que ninguém vai assistir um filme com Vin Diesel e The Rock esperando atuações oscarizáveis, mas é fato que os dois atores funcionam muito melhor quando estão juntos em cena, algo que não acontece, por exemplo, com Paul Walker e Luke Evans, canastrões não importando a ocasião. Fica com Tyrese Gibson a função de ser o eterno alívio cômico, com a ajuda de Ludacris. E Michelle Williams retorna como Letty para, pela milésima vez, repetir o papel de mulher durona, a única coisa que a atriz sabe fazer. Realmente, se dependesse apenas do elenco, a coisa estava feia.

Como programa descompromissado para o fim de semana em família, Velozes e Furiosos 6 é uma boa pedida. O próximo filme já está em produção e estréia no ano que vem, acrescentando ao já estrelado elenco Jason Stratham, o que desde já é garantia de ainda mais ação. Vamos apenas torcer para o estúdio não produzir sequencias de forma tão furiosa, pois senão o público pode cansar da franquia de forma muito mais veloz. Afinal, a ansiedade pela espera de uma continuação é o que nos prende a uma franquia cinematográfica. 

Cotação: ***

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