Crítica: Oblivion

Em 2013 teremos pelo menos três filmes que trarão temáticas pós-apocalípticas em suas narrativas: Depois da Terra, de M. Night Shyamalan, que trará Will Smith e seu filho Jaden Smith novamente dividindo a tela em uma aventura cheia de ação; Elysium, novo projeto do visionário diretor de Distrito 9, Neill Blomkamp, que contará com um elenco de peso com nomes como Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley e o nosso Wagner Moura; e o primeiro deles a aportar nos cinemas, Oblivion, que conta com o carisma de ninguém mais ninguém menos que Tom Cruise para fazer bonito nas bilheterias.

Não que a ficção científica do diretor Joseph Kosinski (Tron, o legado) necessite apenas do rosto do astro para brilhar. Oblivion surpreende com uma trama robusta, que mistura boas doses de ação com referências bacanas a outros clássicos do gênero (2001, Uma Odisséia no Espaço e Wall-e são os de mais fácil identificação) e não subestima a inteligência do público com respostas fáceis às muitas perguntas que sua complexa narrativa vai deixando ao longo da projeção.


Kosinski se redime totalmente do pastelão que foi sua estréia com Tron, o legado. A continuação do clássico da Disney tinha um visual arrebatador, mas pecava pela história bobinha e mal resolvida. Oblivion acerta em ambos os pontos, com louvor. O diretor repete seu estilo na concepção de arte do filme, e quem assistiu Tron vai notar logo algumas similaridades (o predomínio do azul e do cinza; a utilização das formas arredondadas), o que também pode ser explicado pelo fato de Kosinski ser oriundo da indústria de videogames. Ele faz de seu Planeta Terra um local ao mesmo tempo temível e acolhedor, visão esta compartilhada pelo personagem de Tom Cruise e que acaba sendo um ponto fundamental da trama. 

Em Oblivion, Tom Cruise é Jack, um veterano que trabalha em um planeta Terra devastado extraindo seus últimos recursos naturais para enviá-los aos remanescentes da raça humana que estão refugiados em uma das luas de Saturno, Titã. Jack e sua parceira Vika (Andrea Riseborough) também precisam enfrentar os remanescentes de uma raça alienígena derrotada na guerra que vitimou nosso planeta, que permanecem sendo uma ameaça constante. Em uma das missões de reconhecimento de terreno, Jack se depara com uma sobrevivente humana, Julia (Olga Kurylenko), cuja história despertará suas próprias lembranças, há muito apagadas de sua memória, que o farão questionar sua realidade e a própria natureza de sua missão.

A ação em Oblivion demora a engrenar, e isso pode aborrecer os mais ansiosos. Kosinski não perde tempo com prólogos longos para inserir o contexto da história, mas a princípio o foco da narrativa está totalmente concentrado no personagem de Tom Cruise, embora a interação do ator com a bela Andrea Riseborough seja o fio condutor da trama romântica que se desenvolve nas entrelinhas. Apesar de desenvolver um triângulo amoroso desde o início do filme - Jack tem visões de Julia e ele juntos em uma ainda viva Nova York - o tema só se torna central na história no terceiro ato. Oblivion é, antes de tudo, um bom filme de ficção científica.

No elenco, além dos personagens centrais, estão nomes de peso como Melissa Leo e Morgan Freeman. Falar muito sobre seus personagens seria estragar algumas das surpresas que Oblivion reserva, mas posso adiantar que o embate final entre eles - totalmente inesperado, diga-se de passagem - é um dos pontos altos do filme. Ambos não tem muito tempo de tela, e são coadjuvantes de luxo de uma produção que parece não acreditar no seu próprio potencial - haja vista a época do lançamento nos cinemas, período em que geralmente não temos filmes de grande visibilidade brigando pelos milhões de dólares do público mundial.

Aproveitando ao máximo seu novo bom momento em Hollywood, Tom Cruise entrega seu terceiro bom filme, depois de Missão Impossível: Protocolo Fantasma e Jack Reacher - o último tiro. Para o cinema de ficção, o começo foi excelente. Agora é esperar pelas cenas dos próximos capítulos e aguardar quais são as próximas tragédias que estes cineastas sádicos reservam para nosso pobre Planeta Terra. 

Cotação: ***

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