Crítica: Invasão à Casa Branca
O cinema de ação Hollywoodiano sempre gostou de trazer grandes histórias de superação para motivar os soldados americanos e elevar ainda mais o patriotismo do povo, com a bandeira do país surgindo na tela de cinco em cinco minutos. Geralmente eram filmes que retratavam jornadas de exércitos de um homem só, cuja coragem, determinação e força acima de qualquer limite eram capazes de sobrepujar qualquer desafio em prol de defender a liberdade e a justiça na América.
Por mais que critiquemos este estigma tão clichê da produção cinematográfica estadunidense, ele nem sempre foi exclusividade dos norte-americanos. O Cinema Russo da década de 20 e o Cinema Nazista de Joseph Goebbels na Alemanha de Hitler seguiam esta mesma base, e podemos enxergar estas características também hoje em algumas outras escolas cinematográficas. O fato do Cinema caminhar lado a lado com a história e adequar-se, dadas certas proporções, ao momento político pelo qual o mundo está passando, é bastante relevante para entendermos estas questões.
Dito tudo isto, Invasão à Casa Branca passa a ser um filme muito mais interessante do que ele próprio se propõe, pois o que resta é um festival de situações inverossímeis e exageradas ao extremo, que só não provocam gargalhadas pela destreza do diretor Antoine Fuqua (do excelente Dia de Treinamento) em conduzir a ação.
Mas embora Fuqua seja um excelente diretor e sua câmera tão precisa quanto a de gênios da ação como Michael Mann e Joe Carnahan, Invasão à Casa Branca não consegue manter um bom ritmo pela fragilidade do texto dos estreantes Creighton Rothenberger e Katrin Benedikt, que se perde ao tentar costurar subtramas desnecessárias na narrativa, que não contribuem para o argumento principal do longa. Creighton, que possui conhecimento declarado sobre as questões bélicas na península Coreana, aproveita-se do cenário político atual para construir a história do filme utilizando como vilão principal um extremista da região. Mais direto que isso, impossível.
Sobre a história, não é preciso dizer muito. Trata-se basicamente de um Braddock moderno, mas protagonizado por um Gerard Butler urbano. Afastado da segurança do Presidente dos Estados Unidos depois de uma falha em uma operação que levou a Primeira Dama à morte, o Agente Mike Banning (Butler) acaba sendo a última esperança do alto comando do país quando a Casa Branca é invadida após um bem sucedido ataque terrorista, onde o Presidente e os principais secretários do Governo são feitos como reféns com objetivo de entregarem as senhas das ogivas que permitiriam desativação de todo arsenal nuclear americano.
Para desenvolver a trama, o diretor Antoine Fuqua realiza as sequencias de ataque aéreo mais surreais da história do Cinema, que seriam ainda mais impensáveis se, doze anos atrás, não tivesse ocorrido um certo atentado em 11 de setembro. Exageros à parte, a tomada de Washington e todas as cenas que envolvem a primeira invasão ao prédio do Governo Americano são espetaculares, e assustam pela perfeição. Os cenários do filme são enormes, e o cuidado com a reconstituição é um dos pontos altos do filme.
Gerard Butler está seguro como o protagonista, e mostra que é perfeitamente capaz de segurar um filme de ação sozinho. Quem mais impressiona, mas negativamente, é Aaron Eckhart. O ator está extremamente caricato, nesta que talvez seja sua pior performance na carreira. Morgan Freeman não se compromete, assim como em Oblivion, pois tem um papel pequeno no qual pouco tem a fazer. E o garoto Finley Jacobsen tem uma boa dinâmica com Butler, mas perde um pouco pelo fato de que sua participação ressalta exatamente a linha narrativa mais fraca do filme.
Entre Mercenários e Furiosos, ainda prefiro apostar que existam filmes de ação com um algo mais. O viés político por trás de uma boa história é interessante. Invasão à Casa Branca não é nenhum Miami Vice, Narc ou mesmo Dia de treinamento, do seu próprio diretor. Mas está no caminho certo.
Cotação: **
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