Crítica: Homem de Ferro 3
Depois de unir seu Universo de heróis em Os Vingadores, muito se especulou sobre como a Marvel Studios continuaria a tocar seus projetos cinematográficos. Descobriu-se que o estúdio havia definido seus planos no Cinema como um projeto em fases, nas quais a primeira teria sido encerrada exatamente com a superprodução da equipe de heróis.
Nada mais justo, então, que iniciar a segunda fase com o personagem que redefiniu o rumo que as adaptações dos personagens da editora tiveram na tela grande. E mais do que isso: dedicar o filme como um verdadeiro tributo à persona que é, em grande parte, responsável por este sucesso: Robert Downey Jr (já que, ao que parece, os 50 milhões de dólares de cachê por Os Vingadores não seriam prêmio suficiente). Homem de Ferro 3 encerra a trilogia do ferroso dedicando mais tempo ao alter-ego do herói, Tony Stark, e apresentando ao público (ou não!) seu maior nêmesis das histórias em quadrinhos: o Mandarim.
A mudança de diretor, em um primeiro momento, parece ter feito bem à franquia. Shane Black, anteriormente apenas um colaborador de John Fraveau graças a amizade com Robert Downey Jr (os dois trabalharam juntos no divertido Beijos e tiros) assume a cadeira principal com toda a experiência com o cinema de ação que os filmes de Máquina Mortífera credenciaram em seu curriculum. E ação não falta a Homem de Ferro 3, já que agora, sem necessidade de explorar a mitologia da Marvel, pôde focar-se apenas na aventura solo de Tony Stark. Esta, inclusive, foi uma das polêmicas desnecessariamente levantadas pelo longa, uma vez que nos quadrinhos é comum que os heróis tenham histórias solo que acontecem em paralelo ou simultaneamente à eventos envolvendo outros heróis ou mesmo equipes inteiras de superpoderosos. Quem achou algum problema nisso, nunca deve ter lido uma história em quadrinhos.
Obviamente que a cronologia do Universo Marvel no Cinema não foi esquecida. Homem de Ferro 3 se passa imediatamente depois dos eventos de Os Vingadores, e mostra um Tony Stark ainda abalado pelos eventos ocorridos em Nova York, em que seu mundo se viu invadido de repente por Aliens e Deuses. A experiência no buraco de minhoca o leva constantemente a crises de ansiedade, que atrapalham até mesmo o relacionamento com Pepper Pots. Ciente de sua mera condição de humano, ele passa dias e noites em sua oficina aperfeiçoando seus trajes para tornar o Homem de Ferro ainda mais poderoso. Ao mesmo tempo, sombras do seu passado como comerciante de armas ressurgem para assombrá-lo sob a forma do empresário Aldrich Killian (Guy Pearce) e sua funcionária Maya Hansen (Rebecca Hall), uma antiga conquista de Stark, que aprimoraram uma tecnologia, denominada Extremis, capaz de regenerar células mortas e elevar consideravelmente a força de organismos vivos. Esse poder acaba em mãos do terrorista Mandarim, que inicia uma onda de ataques contra os Estados Unidos, o que força o governo americano a colocar em ação o Patriota de Ferro (Don Cheadle, numa versão mais colorida do Máquina de Combate que não tem nenhuma relação com o personagem surgido depois da saga Guerra Civil nos quadrinhos). Quando um dos ataques do Mandarim atinge o coração de Stark, ele decide ignorar os pedidos de Rhodes e parte em busca de uma vingança pessoal contra o terrorista e os soldados da Extremis.
A premissa do roteiro é interessante, principalmente por utilizar o arco Extremis, uma das sagas mais cultuadas dos quadrinhos do Homem de Ferro. No entanto, é exatamente este o ponto mais fraco da trama: as motivações dos personagens não são bem trabalhadas, e na reviravolta final (que não vou detalhar, pois não vou tirar o gosto de você também se irritar com ela!) acaba fazendo ainda menos sentido. A ideia de transformar o vilão Mandarim em algo mais condizente com a realidade atual era extremamente bem vinda, principalmente com a escalação do genial Ben Kingsley para interpretá-lo. No entanto, o desfecho do personagem foi anti-clímax, mesmo com a metáfora política nas entrelinhas, ou, nas palavras do personagem de Guy Pearce, "o mundo sempre precisa do seu Bin Laden".
Alterações dos quadrinhos e problemas de roteiro à parte, tecnicamente o filme é impecável. Os efeitos especiais estão de encher os olhos, principalmente nas sequencias finais, quando as mais de quarenta armaduras enchem os céus. Os detalhes nos trajes também melhoram a cada filme. Shane Black aproveitou o orçamento mais graúdo (depois do sucesso de Os Vingadores a Marvel autorizou Homem de Ferro 3 a gastar mais) para colocar não uma, mas pelo menos três sequencias de clímax, o que faz do filme o maior da franquia, nitidamente. Gastar mais com qualidade, obviamente.
Robert Downey Jr continua a se divertir como nunca na pele de Tony Stark. Aliás, a Marvel a cada filme aumenta o seu problema principal: como substituí-lo quando for necessário? Outro ator fazendo o Homem de Ferro, hoje, é totalmente impensável. Gwyneth Paltrow também está muito mais à vontade como Pepper, mostrando até um lado de heroína que muitos achavam que ela não conseguiria demostrar com naturalidade. Neste filme, vemos mais da relação dos dois como casal, e a química realmente funciona. Será interessante saber como esta história ficará no próximo filme (que o diretor garante que ainda terá Downey Jr, que por enquanto só é certeza em Vingadores 2).
O próximo round da fase 2 da Marvel é Thor, o mundo sombrio. Depois, o Universo da editora vai se expandir em direção ao cosmos, com Os Guardiões da Galáxia. É certo que o caminho até Os Vingadores 2, que novamente fechará esta fase, reservará muitas surpresas para os fãs. Vamos torcer para que todas sejam boas. Homem de Ferro 3 começou com dignidade, escala e muita ação este caminho que a Marvel continua a trilhar com sucesso: fazer o público, nerd ou não, se divertir pra caramba na sala escura.
Cotação: ***
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