Crítica: Oz, Mágico e Poderoso

O clássico de Victor Flemming O Mágico de Oz, que chegou aos cinemas em 1939, é um dos mais queridos filmes de todos os tempos. Ele fez parte da infância de gerações e gerações de crianças que viajaram junto com Dorothy e Totó ao mundo mágico onde sonhos se tornavam realidade, sapatinhos eram feitos de rubi e as bruxas podiam ser do bem ou ser do mal. A simples menção de um remake do clássico causava furor nos fãs da obra em todo o mundo, e o filme se manteve intocado até hoje.

Mas nem por isso seu legado permaneceu fora do radar dos executivos do ramo de entretenimento nos EUA. O musical baseado no clássico era um sucesso sempre que era montado na Broadway, e o fenômeno se tornou ainda maior em 2003, quando Wicked chegou aos palcos contando a história das bruxas de Oz, baseado no livro homônimo de 1995, do escritor Gregory Maguire. A partir daí, vários projetos envolvendo O Mágico de Oz foram tomando forma, e a Disney, embalada pelo sucesso de Alice no País das Maravilhas e de outras obras de fantasia, resolveu apostar para criar uma nova franquia. 


Curiosamente, a Disney preferiu seguir pelo caminho do prequel e conta uma história que narra acontecimentos antecedentes à chegada de Dorothy à terra de Oz. Mais precisamente, como sugere o título, o enfoque do filme é no mágico, interpretado por James Franco. Mas como em Wicked, há aqui uma versão para o surgimento das feiticeiras malvadas de Oz, as bruxas más do Oeste e do Leste. 

Oz, Mágico e Poderoso é uma obra de fantasia que segue a cartilha do filme de aventura e da jornada do herói de cima a baixo. Oscar, o personagem de James Franco, no começo da história está mais para um anti-herói: mágico charlatão e mulherengo, ele se aproveita do amigo e ajudante Frank (Zach Braff, alívio cômico do filme, impagável também como a voz do macaco Finley) e vive de migalhas em um circo itinerante, suspirando pelo amor de sua vida, Annie (Michelle Williams). Quando uma tempestade atinge o circo e o leva dentro de seu balão para o reino de Oz, é encontrado pela inocente Theodora (Mila Kunis), que crê que ele seja o salvador que o reino tanto esperara, conforme dizia uma profecia. Ela o leva para a Cidade das Esmeraldas, onde sua irmã, Evanora (Rachel Weisz), descrente de sua real identidade, resolve testar seus verdadeiros poderes, exigindo que ele prove seu valor derrotando a bruxa do mal, Glinda (Michelle Williams). Com a ajuda de novos amigos, Oscar descobrirá a verdadeira razão de sua ida para Oz e os planos maléficos de Evanora, a verdadeira bruxa do mal, capaz de enganar a própria irmã e carregá-la também para as trevas.

Sam Raimi não poupou beleza no visual do seu reino mágico. Obviamente que as referências ao clássico original estão lá (a Cidade das Esmeraldas está muito parecida, assim como a estrada de tijolos amarelos), mas a grande sacada aqui é o aproveitamento do que há de melhor na tecnologia digital disponível hoje em dia. Os seres fantásticos estão perfeitos - com maior destaque para a Boneca de Porcelana, tão perfeita visualmente quanto adorável na sua concepção, graças a voz doce da atriz Joey King. O diretor também aproveita para imprimir seu ritmo acelerado de edição para as cenas mais movimentadas, o que desfavorece o 3D algumas vezes (se você for mais atento aos detalhes, vai notar que algumas tomadas nas sequencias iniciais fazem parecer que você está assistindo alguém jogando videogame, e não assistindo um filme).

O roteiro aposta em uma história de redenção com lições de moral bem ao estilo Disney. James Franco está muito carismático no personagem, tanto que é difícil aceitar seu lado "mal" mesmo quando ele está mais evidente. Mesmo com bons desempenhos tanto de Rachel Weisz quanto de Michelle Williams, quem rouba mesmo a cena é Mila Kunis. A atriz tem demonstrado já faz tempo que não é só mais um rostinho bonito, mas como Theodora ela consegue ser, ao mesmo tempo, frágil e perigosa. E sua transformação, antes de depender apenas de truques e maquiagem, está totalmente ligada ao desempenho extraordinário que ela consegue no papel. 

Oz, Mágico e Poderoso já tem garantida uma sequencia, pois a Disney já tinha deixado claro os planos de tornar a saga do mágico uma franquia de sucesso. Sam Raimi já garantiu que não volta, mas mantendo-se o elenco e apostando em um roteiro inteligente como o deste primeiro filme, pode ser que tenhamos mais uma aventura interessante. De qualquer forma, as portas ficaram abertas para a Universal tirar do papel a adaptação de Wicked, já que o filme da Disney já é considerado um sucesso. Pelo visto, o pessoal de Oz não vai ter sossego nos próximos anos...

Cotação: ***

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