Crítica: Jack, o Matador de Gigantes
Rótulos são prejudiciais de uma forma geral, e os filmes não ficam de fora dessa. Em uma época em que virou moda as adaptações de contos de fadas com um viés sombrio, o público começou a olhar com desconfiança qualquer produção do gênero que estivesse sendo produzida. Neste ponto, o novo trabalho de Bryan Singer teve ainda mais um revés: sua estréia foi adiada por mais de uma vez, o que nem sempre é um sinal positivo. Só mesmo isso pode explicar o fracasso retumbante desta aventura bacana que é Jack, o matador de gigantes.
A conclusão é que Bryan Singer anda mesmo com pouca sorte. Depois do excelente X-men 2, o diretor não conseguiu mais acertar. Sua revisão do Superman se tornou um dos filmes mais entediantes da história - quase colocando o herói novamente no limbo cinematográfico - e o drama Operação Valquíria com Tom Cruise não fez o sucesso que era esperado. Jack, o matador de gigantes seria a primeira experiência com o 3D, e o atraso na estréia se deu justamente para aprimorar algumas sequências na nova tecnologia.
Esta revisão do conto João e o pé de feijão não tem objetivo de ser sombria como outras obras recentes, caso de Branca de neve e o caçador ou Alice no país das maravilhas. Os roteiristas pegaram a história original e incluíram uma dose maior de aventura e romance para conseguir transformar a mesma em um filme com duração de cerca de duas horas. E o resultado é bastante satisfatório; ao invés de um gigante e uma gansa de ovos de ouro, a ameaça é toda uma raça destes seres abomináveis. E graças aos efeitos especiais de ponta, cada gigante tem sua peculiaridade, seu traço característico, o que diferencia cada qual dos demais.
O apuro dos efeitos visuais predomina (o pé de feijão é perfeito, e a interação dos personagens com a gigantesca planta é de impressionar), e é perceptível que boa parte dos 195 milhões de dólares do orçamento foi utilizado na pós-produção para compor estes excelentes efeitos gráficos, já que a partir do segundo ato eles estão praticamente presentes em todas as sequências. Tanto que isso acaba desfavorecendo o ponto mais fraco do filme: o desempenho do elenco.
Não que os nomes sejam fracos, até porque Bryan Singer tem credibilidade em Hollywood e sempre consegue trabalhar com grandes estrelas. Mas Ewan McGregor, Stanley Tucci e Ian McShane não parecem confortáveis em seus personagens, atuando de forma caricatural (principalmente Tucci, cujo excesso de trabalho está começando a torná-lo um ator de uma cara só). Os protagonistas Nicholas Hoult e Eleanor Tomlinson não comprometem, mas não tem o carisma necessário para segurar uma produção milionária. Quem mais se destaca nem aparece de corpo presente: o ator Ralph Brown, que dá vida ao líder dos gigantes, o General Entin. Com sua voz poderosa, Brown faz do personagem uma ameaça factível, em contraponto ao vilão de Tucci, que não convence.
Primeiro grande blockbuster de 2013, Jack, o matador de gigantes não começou bem uma temporada que, ao contrário dos últimos anos, promete mais filmes originais do que sequências. É hora de testar se o público está afim de curtir algo novo ou se prefere se agarrar ao bom e velho conhecido. Nem sempre isso é garantia de um total contentamento.
Cotação: **
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