Crítica: G.I. Joe - Retaliação
A Hasbro ainda não conseguiu se firmar no Cinema. Apesar do sucesso comercial da franquia Transformers, os filmes dos robôs gigantes carregam mais detratores que fãs, e não andam empolgando mesmo no aspecto técnico no qual deveriam chamar mais atenção - os efeitos especiais. Battleship foi um fracasso em 2012 devido à pretensão do estúdio em apostar quase 250 milhões de dólares em uma superprodução baseada em um jogo de tabuleiro com um elenco de atores jovens quase desconhecidos, que ainda teve o azar de topar com um certo Vingadores na mesma época nos cinemas; ou seja, erro básico de estratégia. E G.I. Joe fez um sucesso mediano com uma trama bobinha e tendo como protagonista um sempre robótico Chaning Tatum.
Mas a empresa ainda acreditava em seus Comandos em Ação. Tanto que quis apostar no potencial para um bom filme de ação que tinham os personagens e resolveu chamar Dwayne Johnson e Bruce Willis para se integrarem ao elenco na segunda parte da aventura, que respeita (até certo ponto) os acontecimentos do filme original. Assim, G.I. Joe - Retaliação é um filme que funciona tanto para quem já é iniciado na franquia quanto para quem ainda nem tinha ouvido falar dela. E acreditem: para quem já conhecia, o filme original vai passar a não fazer mais nenhuma falta.
A escolha do Californiano Jon M. Chu para a direção da aventura não estava empolgando ninguém. No curriculum do cineasta, havia coisas como duas continuações da franquia Ela dança, eu danço e o documentário açucarado do astro teen Justin Bieber, Never Say Never. Ou seja, zero de experiência com cinema de ação e muita com dança e porpurina. Mas Chu surpreende pela ousadia nas sequências de ação, que estão espetaculares (fique de olhos nas mais exageradas, que envolvem um duelo eletrizante no cume de uma cordilheira coberta pela neve). E acerta também por não alterar o tom que já havia sido bem aceito no primeiro filme.
As mudanças no elenco também são bem vindas, embora a simples ausência de alguns personagens possa incomodar. Mas a sensação logo passa quando Dwayne Johson, ou The Rock, como estamos mais acostumados, aparece com toda a sua canastrice. O ator não se leva a sério, o que sempre ajuda a tornar suas participações ao mesmo tempo dinâmicas e engraçadas. Pode-se dizer o mesmo de Bruce Willis, que mesmo com um tempo bem menor de tela consegue empolgar como o General Joe Colton. Ao contrário de Chaning Tatum, ambos não tentam enganar o público se passando por atores de verdade: são apenas astros de ação, e cumprem este papel muito bem. Outros destaques são Ray Park e Byung-hun Lee, que representando os ninjas Snake Eyes e Storm Shadow fazem a platéia vibrar com um show de artes marciais de alto nível. Como o grande vilão, Jonathan Pryce impõe a presença necessária que o filme precisa para decolar.
A história parte de onde termina G.I. Joe - A Origem de Cobra. Os Joes, liderados por Duke (Tatum), vão para o Oriente para uma ação de desarmamento nuclear, mas acabam caindo em uma emboscada organizada pelo Comandante Cobra. Cabe então à Roadblock (The Rock) se unir aos Joes remanescentes para atacar a organização inimiga, que está infiltrada no coração do governo americano e planeja uma ação terrorista de alcance global. Ao mesmo tempo, Snake Eyes se une a Jinx (Elodie Yung) para caçar Storm Shadow e conseguir informações que esclareçam qual seria o verdadeiro plano do Comandante Cobra, e a busca revelará mais detalhes da história dos dois ninjas.
O ritmo frenético da montagem de Roger Barton e Jim May é contagiante. A dupla tem experiência em filmes de ação, tendo participado da edição, dentre outros, de Esquadrão Classe A. Barton, inclusive, é um dos montadores do esperado Guerra Mundial Z, cujos trailers tem impressionado muita gente exatamente pelo ritmo acelerado.
Mesmo que ainda sejam cometidos alguns erros como no primeiro longa (o mais evidente é a quantidade exagerada de personagens com pouco desenvolvimento), G.I. Joe - Retaliação é um programa divertido, um filme menos pretensioso que seu antecessor, que restabelece os rumos da franquia e aponta um caminho interessante para a inevitável terceira parte - que ainda dependerá do sucesso dessa continuação nas bilheterias mundiais.
Cotação: ***
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