Crítica: Amanhecer - parte 2

A saga dos vampiros de Stephenie Meyer finalmente chegou ao final nos cinemas, depois de repetir a estratégia da franquia Harry Potter e dividir sua última parte em dois filmes (algo que veremos em breve também com Jogos Vorazes). Nas divulgações finais do filme, os produtores não foram nem um pouco humildes e estamparam o slogan 'o final épico que viverá para sempre' nos cartazes e materiais promocionais, atiçando a curiosidade de quem pensava que o último filme realmente poderia fazer um diferencial.

Mas A Saga Crepúsculo: Amanhecer - parte 2 não corrige os erros dos filmes antecessores da franquia e apenas termina de maneira aceitável a cinessérie. O grande destaque da adaptação é a mudança considerável no final - totalmente diferente do livro - que foi uma jogada corajosa da roteirista Melissa Rosenberg e que deve irritar muita gente.


Primeiramente, há que se lembrar que literatura e cinema são mídias diferentes, e que é muito comum que algo que funcione em uma não dê muito certo na outra. No caso do livro Amanhecer - que por si só tem uma narrativa estratificada e que até justificaria uma divisão em dois filmes, embora todos saibamos que a vontade aqui era de apenas faturar um pouco mais - todo o último ato seria extremamente anti-clímax se fosse transposto fielmente no cinema. A solução encontrada pelo roteiro explora a mitologia da própria saga e consegue surpreender, o que, até aqui, nunca havia acontecido na franquia. 

O problema de Crepúsculo é que os filmes sempre pareceram amadores demais. Não havia na equipe técnica profissionais de destaque, o que resultava em uma fotografia pobre e efeitos especiais capengas, e a estrutura do roteiro priorizava o romance do trio de protagonistas deixando os demais personagens totalmente de lado. Nem mesmo o fato de ter Bill Condon assumindo a direção nos dois últimos filmes ajudou, pois fica nítido que ele não teve liberdade para ousar e fazer algo diferente. 

Amanhecer - parte 2 não inova na estrutura narrativa, apresentando um típico encerramento que lembra as novelas globais. Para atenuar a sensação do público de que alguns personagens simplesmente surgiram sem qualquer propósito, nos créditos eles são relembrados com destaque para seus respectivos intérpretes. O tiro acaba saindo pela culatra, pois você sequer se recorda da maioria deles. A grande falha da saga foi um desenvolvimento quase nulo de personagens que tinham grande potencial: chega a ser risível notar que Dakota Fanning sequer tem diálogos neste último filme. 

Se forem considerados todos estes pontos, deve-se realmente tirar o chapéu para Kristen Stewart, Rober Pattinson e Taylor Lautner, que com todas as limitações dramáticas seguraram a peteca até aqui. Nesta última parte, o maior desafio foi mesmo de Kristen, que precisava transpor a personagem Bella de humana para vampira justificando as diferenças trabalhadas pela autora nas páginas do romance. Não foi muito difícil, porém, considerando que a personagem praticamente manteve uma mesma expressão facial por quatro filmes inteiros...

Entre erros e acertos, não se pode negar que Crepúsculo teve o mérito de se tornar uma das séries mais lucrativas da história do cinema, repetindo o fenômeno de sua versão literária. A prova máxima de que Hollywood entende que o potencial cinematográfico foi subaproveitado é de que já existem planos (sim, é verdade!) para um reboot da saga em um futuro próximo. Resta saber se algum produtor vai conseguir ser assim tão cara de pau.

Cotação: **

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