Crítica: Dredd

Com a popularização dos filmes de heróis de quadrinhos, muita gente começou a se perguntar se ainda havia espaço para os filmes mais  maduros originados das HQs, ao estilo de Watchmen ou 300. Na verdade, a questão não é a dose pop que esse ou aquele filme vai ter, mas sim a qualidade do roteiro e, principalmente, o respeito à integridade do material original.

Pois um dos mais injustiçados anti-heróis conseguiu uma segunda chance que, mesmo com toda a desconfiança, chegou aos cinemas e calou a boca de muita gente. Se na Comic Con 2012 os elogios da crítica especializada - e que entende do assunto! - foram rasgados, com a estréia, Dredd mostrou que tinha vindo para deixar a indigesta adaptação anterior que havia sido estrelada por Silvester Stallone definitivamente para trás.


Para começar, Dredd é absurdamente fial às HQs do personagem título. Pesado, sujo, com uma direção de arte arrebatadora e um roteiro enxuto que sabe se aproveitar muito bem da notável falta de verba que o filme teve, esta nova visão do Juiz Dredd, aquele que julga e executa os bandidos em uma decadente sociedade americana do futuro, é de encher os olhos. E muito do êxito se deve ao astro Karl Urban, perfeito como o protagonista.

Urban se despiu da vaidade pelo personagem, e o resultado é um Juiz Dredd extremamente bem caracterizado. Posso dizer, sem medo, que talvez seja a melhor transposição do visual e personalidade de um personagem para as telas. Em nenhum momento o ator retira o clássico capacete do personagem (o que rende até uma piadinha auto-referenciada), o que não aconteceu no filme de Stallone, em que a necessidade do ator aparecer era muito maior que o respeito aos fãs dos quadrinhos do herói.

A trama do filme aproveita o lado violento das HQs e investe em muito sangue e violência. Dredd é requisitado pela sua organização para treinar uma nova recruta que possui poderes mentais e decidir se aprova ou não sua entrada no exército de juízes que patrulha Mega City One. Em campo, eles são requisitados a atender um chamado em Peach Trees, um gigantesco bloco residencial dominado pela facção criminosa de Ma-ma (Lena Headey, de Game of Thrones), que almeja o controle da cidade através da droga Slo-mo, um poderoso composto que faz o usuário ter a sensação de que o tempo está passando em quase 1% de sua velocidade normal. Uma vez dentro do complexo, Dredd acaba numa emboscada que pode tirar-lhe sua vida e de sua parceira.

O diretor Pete Travis (Ponto de Vista) usa com inteligência os efeitos 3D em conjunto com a câmera lenta, e se mostra sádico ao extremo nas sequencias mais violentas (não por menos, o filme estreou no Brasil com censura 18 anos). O orçamento baixo é compensado com pouquíssimas cenas externas, mas a ação ininterrupta nas sequencias em Peach Trees garantem a diversão.

Infelizmente o público ainda não comprou o filme (que ainda está em metade da arrecadação necessária para empatar seu orçamento), mas abre um leque de possibilidades de que no futuro seja possível que outros personagens como Spawn, Justiceiro e Demolidor tenham uma outra chance nas telas grandes. Quem lê os quadrinhos deles sabe que material bom para adaptar não é o problema.

Cotação: ***

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