Crítica: Looper - Assassinos do Futuro

Tenho que confessar que o gênero de ficção científica é um dos meus favoritos. Sempre é interessante acompanhar a nova loucura que sai da cabeça de roteiristas e cineastas para as mais diversas visões de futuro. Mas desde Minority Report e Filhos da Esperança o cinema não recebia um filme tão interessante e com um argumento tão rico quanto este Looper - assassinos do futuro.



E nem estamos falando de um filme que possui na sua gênese profissionais muito experientes: o diretor e roteirista Rian Johnson é um dos responsáveis pela excelente série Breaking Bad, um dos mais subestimados programas atualmente no ar na TV americana, mas que na telona foi responsável apenas pelos pouco conhecidos Vigaristas e A ponta de um crime - o segundo, por sinal, foi um dos primeiros trabalhos do astro Joseph Gordon-Levitt como protagonista, quando ele ainda era um ilustre desconhecido para as platéias mundiais.

Não é preciso muito tempo de projeção para se perceber que Looper - assassinos do futuro é bem mais pretencioso do que a carreira de seu diretor indica. E aqui, pretensão não é um termo pejorativo, muito pelo contrário. Aproveitando-se de um roteiro com um argumento genial, Rian Johnson desenvolve seu filme sem apelar para a ação desenfreada típica dos trabalhos de Michael Bay (Armageddon, A Iha e Transformers são exemplos típicos), e concentra-se em trabalhar com esmero os execelentes personagens, muito bem defendidados pelos astros Joseph Gordon-Levitt (que está se consolidadando como um dos grandes nomes da nova geração depois de A Origem, 50/50 e Batman, o cavaleiro das trevas ressurge), a beldade Emily Blunt e, pasmem!, até mesmo o caricato Bruce Willis.

Na história, Levitt é Joe, um assassino contratado pela máfia para exterminar pessoas que são enviadas do futuro, em um período em que as viagens no tempo existem e são consideradas ilegais. Assim como seus companheiros de profissão, ele tem uma vida regada a festas e drogas até o fatídico dia em que terá que fechar o seu ciclo (ou loop), matar o seu “Eu” (Willis) enviado do futuro, para então apagar os vestígios de sua participação na organização, com uma bela recompensa em ouro para curtir o restante do seu tempo de vida. As coisas não saem exatamente como esperado, e Joe acaba entrando numa perseguição contra seu correspondente futuro, que escapa da morte e começa uma busca desesperada pelo homem que comanda toda a operação, que no presente é um garoto com estranhos poderes telecinéticos.

Falar mais seria estragar as surpresas do filme, que são muitas. Existem referências explícitas aos quadrinhos dos X-men e a uma das melhores sequencias dos filmes dos mutante de Bryan Singer, mais especificamente de X-men, o confronto final, além de outros filmes representativos do gênero de ficção, como Blade Runner. Mas o mais legal é perceber como a escolha de Willis para o papel do envelhecido Joe foi acertada: o ator tem algumas das melhores sequencias de ação desde a série Duro de Matar e os espertos truques de maquiagem realizados com Gordon-Levitt deixam os dois realmente parecidos. A certo ponto do filme, você não sabe mais para quem torcer, até se dar conta (de novo!) que eles são a mesma pessoa. O desenvolvimento da história é sensacional e o desfecho foge do lugar comum, sem o desespero de prender o telespectador para sequencias da história.

Não bastasse os muitos predicados do filme, Rian Johnson ainda consegue surpreender retirando do garoto Pierce Gagnon, de apenas 10 anos, uma atuação sensacional como o filho problemático da personagem de Emily Blunt (que por sinal, está mais bela do que nunca, e ainda tem chance de mostrar que mulheres podem ser sensuais até com um machado nas mãos). Johnson cria um grupo de personagens que se destacam pelas suas imperfeições, e não pelas virtudes. Um manejo de personalidades feito de forma sensacional pelo roteiro muito bem amarrado do filme.

Como qualquer obra de ficção cientifica que envolve viagens no tempo, Looper - assassinos do futuro faz seu cérebro revirar! E isso é sempre muito bom, principalmente quando feito com talento e originalidade. Vale a pena ficar de olho nos próximos trabalhos deste diretor.

Cotação: ****


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