Crítica: Hotel Transilvânia

Na década de 90, o Cartoon Network fez história, tornando-se o maior fenômeno de audiência da TV paga em todo o mundo. Este sucesso todo era resultado, principalmente, do altíssimo nível da programação do canal, que misturava animes (Pokémon construiu sua fama por aqui), desenhos clássicos (como Tom & Jerry, Looney Toones e diversas produções dos estúdios Hanna-Barbera) e algumas produções originais. É desta prata da casa que surgiu o animador Genddy Tartakovsky.

Tartakovsky começou a comandar aquela que seria a fase de ouro do Cartoon Network, com o lançamento da série O laboratório de Dexter. Sucesso de crítica e público, a animação sobre o garoto rato de laboratório que passava por poucas e boas nas mãos da irmã sociopata se tornou um dos maiores sucessos do canal, junto com outros desenhos como As meninas superpoderosas, A vaca e o frango e Eu sou o Máximo. Não demorou muito para a fama abrir as portas para projetos mais ambiciosos, como Clone Wars, série derivada de Guerra nas Estrelas encomendada pessoalmente por George Lucas; e Samurai Jack, seu trabalho mais autoral e impressionante, que narrava as aventuras de um guerreiro em busca de vingança contra um espírito do mal. 

Até demorou para este talentoso animador chegar aos cinemas. Mas a Sony Animation Studios e a produtora de Adam Sandler resolveram mudar esta história e convidar Tartakovsky para assumir Hotel Transilvânia, animação que tenta consolidar o estúdio como um dos grandes produtores do gênero, depois do sucesso de Tá chovendo Hamburguer.


Talvez por não ser um filme totalmente idealizado por Tartakovsky, Hotel Transilvânia não consiga tirar a nota máxima. Embora divertido e visualmente interessante, a produção não conta com um roteiro dos mais inspirados, que repete algumas piadas que já vimos em outras animações e fica devendo por explorar muito pouco alguns personagens interessantes - como por exemplo, o homem invisível, que rende algumas das melhores piadas.

Hotel Transilvânia brinca com subgêneros de maneira bastante divertida e faz referências legais a sucessos do cinema de horror. Na trama, Drácula resolve sair para o exílio com a filha pequena depois da morte de sua esposa. Cansado da perseguição dos humanos, ele cria um hotel impossível de ser localizado pelas pessoas, e que passará a ser refúgio de todos os monstros do mundo. Tudo vai bem até que um mochileiro, sem querer, consegue chegar ao local, e ainda se apaixona pela filha do Conde, que quer livrar-se dele a todo custo.

Os personagens são o principal chamariz da comédia. Além do já mencionado homem invisível, temos a engraçadíssima família de lobisomens (cujo patriarca, na versão dublada, ganhou um sotaque matuto hilário), o tio Frankenstein, a múmia um pouco acima do peso e o sineiro Quasímodo, que parodia um cozinheiro francês. A família Drácula também é destaque, e o visual do Conde é bastante feliz ao incorporar o jeitão bobalhão de Adam Sandler.

O mais interessante de Hotel Transilvânia é perceber que o filme acaba sendo o melhor da carreira de Adam Sandler. Voz do Conde Drácula na versão original, Sandler parece divertir-se demais, e usa e abusa de improvisações. Não menos divertida é a dublagem brasileira de Alexandre Moreno, que já nos mata de rir com o Alex de Madagascar e aqui faz mais um magnífico trabalho. 

Com uma abertura bem sucedida (o filme tornou-se a melhor estréia do mês de setembro em toda a história nos EUA), o filme já pode ser considerado um sucesso, o que credencia Genddy Tartakovsky a tentar vôos mais altos no cinema, como o esperado longa metragem de Samurai Jack. Sonhar não custa nada!

Cotação: **

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