Crítica: A Era do Gelo 4

O sucesso da franquia animada A Era do Gelo, cujo terceiro capítulo está entre as 25 maiores bilheterias de todos os tempos e o terceiro melhor resultado de uma animação - atrás apenas dos peso-pesados O Rei Leão e Shrek 2 -, é um daqueles exemplos de competência que dá vontade de aplaudir. O primeiro filme chegou às telas em meio a uma explosão das animações digitais, mostrando uma trama certinha, de visual nem um pouco arrojado, mas, por outro lado, com personagens extremamente cativantes. Embora no quesito de visual a coisa tenha ficado muito melhor nestes 10 anos que separam este quarto capítulo do início da franquia, no restante a receita continuou sendo seguida à risca, e como o Blu Sky Studios não é bobo nem nada, dando espaço para seu maior astro brilhar com vontade.

O maior astro de A Era do Gelo não é o mamute Manny, o tigre dentes de sabre Diego ou a preguiça Sid, e sim uma criaturinha que só faz ruídos e é completamente obcecada por uma noz: o esquilo Scrat, `dublado` de forma sempre brilhante pelo animador Chris Wedge, um dos diretores do primeiro filme. Acompanhar a jornada de Scrat em busca de seu sonho de consumo é uma das mais hilárias experiências do cinema de animação, e em A Era do Gelo 4 a exploração do personagem chega ao seu ápice, sendo ele o responsável pelo mote geral da trama, que é a separação dos continentes que deu ao nosso planeta a forma que conhecemos hoje.


Não tem como não morrer de rir com as peripécias do esquilo, que são um esbaldar de originalidade e humor ao estilo das animações clássicas do cinema. Mas se sobra inspiração para os roteiristas e animadores quando o assunto é Scrat, para o restante do grupo a situação não vai tão bem. A Era do Gelo 4 tem pouquíssimos bons momentos com o restante do elenco de animais - quase todos concentrados na preguiça Sid que ganha aqui a companhia de sua engraçadíssima avó - e mostra que se o objetivo é continuar contando as aventuras do grupo (como o novo filme deixa claro), a preocupação com a história vai ter que ser maior daqui para a frente.

A Era do Gelo 4 mostra as desventuras de Manny, Diego e Sid que, separados do restante do seu bando depois de um terremoto de grande extensão, topam com um grupo de piratas liderados pelo orangotango Capitão Gutt (cuja voz é do ator Peter Dinklage, que anda dando o que falar como o Tyrion de Game of Thrones) e precisam derrotar o vilão e sua tripulação para conseguirem voltar para casa. Por alguns momentos, a separação dos personagens parece ser o melhor caminho a se tomar, pois centrar a ação no trio faz remeter ao filme original, e deixa de lado personagens menos interessantes - de forma mais direta, todo o núcleo da família de Manny. Mas as soluções encontradas para a ação ainda ficam devendo, e o filme não consegue decolar sem que Scrat esteja aparecendo na tela.

Obviamente que as piadas boas existem em todas as frentes, por exemplo quando os gambás Crash e Eddie mostram que o segredo para a sobrevivência é, pura e simplesmente, ser burro (com certeza esta afirmação vai fazer sentido para muita gente: os políticos brasileiros sabem bem porque). O problema de A Era do Gelo 4 é insistir em humanizar demais os propósitos e problemas dos animais, algo que não era tão evidente nos capítulos anteriores. Talvez aqui seja sentida a ausência do brasileiro Carlos Saldanha comandando a aventura nos bastidores (o animador está ocupado com outros projetos do estúdio, como Epic, que será lançado no ano que vem, e a sequencia de Rio). Mais uma vez, também, a franquia perde a chance de promover o encontro do trio com o humano que foi salvo por eles na primeira aventura - ou vai me dizer que você nunca se perguntou porque este encontro ainda não aconteceu?

Da beleza da animação, não há o que falar: A Era do Gelo 4 tem sequencias belíssimas que aproveitam de forma eficiente o 3D, principalmente quando o trio de náufragos passa por uma tempestade em alto mar (a perfeição dos efeitos das águas impressiona). O design dos personagens está cada vez melhor, incluindo os novatos - embora não sejam tão interessantes do ponto de vista narrativo. 

A Era do Gelo 4 já começou sua trajetória batendo recordes, em um lançamento setorizado e cujo ápice será a estreia americana, apenas em 13 de julho (uma semana depois de O espetacular Homem Aranha e 15 dias antes do provável fenômeno Batman, o cavaleiro das trevas ressurge). Alguém duvida que será mais um grande sucesso? Fica a expectativa para que, na quinta parte, os roteiristas se lembrem que existe vida além de Scrat e não façam os demais animais entrarem em extinção também nas telas.

Cotação: **

Comentários

  1. Gostei muito do filme, envolvente do início ao fim,com belas imagens e ótima edição gráfica dos personagens!
    Realmente perdeu um pouco da essencia dos filmes anteriores, buscaram inovar algumas cenas com dramas familiares e conflitos diretos, não sei se isso se deve ao fato de não termos o brasileiro Carlos Saldanha como diretor do Filme, apenas como produtor executivo. Mesmo assim o filme está ótimo, com varias cenas de Ação e aventura, que envolvem toda a familia, principalmente a criançada que adoraram a velha preguiça!
    Pecaram em mudar a dublagem da Ellie e dos gambás Crash e Eddie, para quem estava acostumado com as vozes ficou estranho.
    Com certeza este não será o fim do longa, podemos aguardar a continuação desta aventura. Adorei a cena do Diego e da Shira lutando, no final, quando o Manny luta com o Cap. Entranha e o hilário Scrat.
    Poderiam adicionar o personagem Buck do 3º filme!
    Filme recomendadíssimo para todas as idades, não percam!

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