Crítica: Piratas Pirados

O estúdio inglês Aardman é um ícone do cinema de animação. Mesmo com a pesada concorrência que hoje vemos no gênero - que tem pesos pesados como a Pixar, a Dreamworks e a Blue Sky na produção, além dos emergentes Sony e Illumination - os artistas continuam utilizando a artesanal técnica de animação quadro a quadro com massinha para contar suas histórias, depois de um hiato de dois filmes de sucesso apenas mediano na animação digital (Por água abaixo e Operação presente). E o retorno não poderia ser melhor, como prova Piratas Pirados.


Neste novo projeto de Peter Lord, que dirigiu o sucesso A fuga das galinhas, o grande chamariz é a história. O capitão pirata que tem a voz de Hugh Grant tenta pela enésima vez conseguir o prêmio de pirata do ano, mas apesar de muito querido pela sua tripulação, não tem o butim repleto de tesouros necessário para derrotar seus adversários. Sua sorte parece mudar quando se depara com o cientista Charles Darwin, que o alerta que seu papagaio de estimação é na verdade uma ave extinta, uma Dodô. Disfarçados, o pirata e sua divertida tripulação se infiltrarão na corte de uma maquiavélica Rainha Victória para conseguir um prêmio pela exibição da ave rara.

As tramas da Aardman sempre se destacam pela inteligência e bom humor, e com Piratas Pirados não foi diferente. Apesar de adaptar uma curta obra literária, o diretor soube desenvolver a história de uma maneira envolvente, com personagens bem construídos. Chama atenção também o elenco de dubladores, que conta com grandes atores ingleses como Imelda Staunton e Brendan Gleeson.

Apesar de utilizar quase que totalmente a animação stop-motion, algumas sequencias em Piratas Pirados precisaram do uso de computação gráfica devido à sua complexidade - basicamente o oceano, impossível de ser feito com a técnica de forma minimamente convincente. Mas este pequeno detalhe não interfere nadinha na composição visual do filme, que é um deleite para os olhos. Londres é reproduzida à perfeição, em um trabalho digno de aplausos. Uma animação deste tipo é um trabalho que envolve paciência e devoção - alguns segundos de filme levam meses para serem finalizados.

Mesmo sem a distribuição da Dreamworks, que bancou parte dos projetos de Wallace & Gromit e Por água abaixo e desistiu da parceria depois do retorno mediano de ambos nas bilheterias, não se apostava muito que a recepção ao novo filme seria um sucesso. É verdade que o retorno não está sendo excelente, mas vale lembrar que o filme foi lançado em uma época de concorrência forte.

Piratas Pirados é uma boa pedida para o passeio familiar no fim de semana. 2012 promete ser um ano interessante para o cinema de animação, com uma diversidade de estilos que chamará bastante a atenção. Não importa que seja em massinha, no papel ou em elaborados gráficos 3D: quem gosta de animação gosta é de diversão. E essa é da boa, pode acreditar.

Cotação: ***

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: O Lorax - Em busca da Trúfula perdida

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica: Os Pinguins de Madagascar