Crítica: Anjos da Lei

Revisitar séries de TV do passado e transpor para o Cinema não é uma ideia nova. Dessa receita, já saíram fracassos retumbantes (A Feiticeira, O Elo Perdido), filmes medianos (Esquadrão Classe A, As Panteras) e grandes sucessos que caíram no gosto do público e da crítica (Miami Vice e a franquia Missão Impossível). O diferencial, como em qualquer outro projeto, é um bom roteiro e um time de profissionais gabaritados trabalhando por trás das câmeras.

Pensando desta maneira, uma adaptação da simpática série Anjos da Lei parecia ser uma sacada de mestre. Ainda mais quando foi dito que a trama seria modernizada para se adequar melhor aos dias de hoje. Mas o ego falou mais alto, e o projeto - cujos produtores são os próprios astros Channing Tatum e Jonah Hill - acabou se tornando mais um filme daqueles que você assiste, dá um ou outro sorrisinho forçado e esquece completamente uns 10 minutos depois de sair da sala escura.


Anjos da Lei é bastante decepcionante, e a sensação fica maior dependendo da expectativa que cada um levar para o Cinema. Se você é daqueles que aciona o automático e ri de qualquer coisa que aparece na tela quando está assistindo uma comédia, este é o seu filme. Mas se você esperava originalidade e, por que não?, ousadia, mude de sala ou contente-se em ficar bastante irritado até os créditos do filme chegarem. E olha que parece que o tempo não passa...

Dizer que o filme foi dirigido por Phil Lord e Chris Miller, os caras responsáveis pela animação mais insana e engraçada que surgiu nos Cinemas nos últimos anos (Tá chovendo hamburger), faz a sensação de tristeza pelo filme ser ainda maior. Anjos da Lei sobrevive de piadas fáceis, personagens lotados de estereótipos, e só não é um fracasso completo pela química - por incrível que pareça! - que rolou entre os dois protagonistas.

Jonah Hill obviamente está mais à vontade em seu personagem, mas a mudança de visual para tentar se tornar um ator mais comercial já começa a afetá-lo. Sua atuação em O homem que mudou o jogo já havia sido sobrevalorizada, e aqui, apesar de funcionar, não consegue ser o suficiente para fazer um filme de quase 130 minutos se tornar interessante. Channing Tatum até se esforça, mas repete os trejeitos já vistos em outros personagens e está mais canastrão do que nunca. Não fosse o bom entrosamento nas cenas em que os personagens estão juntos, a experiência de assistir Anjos da Lei seria bastante desagradável.

Em termos de ação, não há nada de novo no filme. O único lampejo de originalidade conseguido pelos diretores foram os grafismos incluídos nas sequencias em que os personagens se veem chapados. Mas até esta ideia se torna chata quando é repetida com outro personagem lá no terceiro ato...

Era óbvio que os produtores não perderiam a chance de chamar os astros da série original para uma ponta, e de quebra abocanhar público adicional para o filme com as fãs de Johnny Depp, mas a participação do ator e do colega Peter DeLuise é tão desnecessária e sem graça que ficaria muito melhor se não tivesse existido. 

Anjos da Lei acaba sendo aquele projeto que tinha tudo para ser legal e não consegue nem de longe chegar lá. Com a grana que o filme está gerando (vai entender...), uma continuação é quase certa. Vamos ver se a mudança de ambiente vai ajudar ou se será apenas mais uma cinessérie daquelas que existem para preencher espaço em multiplex.

Cotação: *

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