Critica: Viagem 2 - A ilha misteriosa

A Walden Media está se especializando em filmes para o público infantil. A produtora, dona da franquia As crônicas de Nárnia no cinema, também foi responsável pelos medianos sucessos A teia de Charlotte, Ponte para Terabítia e Ilha da imaginação, todos filmes que tratam de temas relacionados ao imaginário de fantasia, protagonizados por astros mirins em ascensão.

Obviamente nem todos os filmes seguiram esta fórmula. Um dos seus mais ambiciosos projetos - que acabou sendo marcante por ser considerado o filme que reiniciou o fenômeno do 3D nas produções Hollywoodianas - foi a adaptação da obra de Julio Verne Viagem ao centro da Terra. Alguns anos depois, repaginada e com status de franquia, chega esta continuação, Viagem 2: a ilha misteriosa.


Dirigido por Erig Brevig - supervisor de efeitos visuais de diversos sucessos do cinema, tais como O segredo do abismo, O vingador do futuro e o mais recente Sinais - Viagem 2: a ilha misteriosa é uma continuação direta do seu antecessor, com a diferença de que o elenco foi quase todo modificado, à exceção de Josh Hutcherson, que continua na pele do adolescente Sean, um apaixonado pela obra de Julio Verne que acredita que as histórias contadas pelo célebre autor são mais do que apenas aventuras fantásticas descritas com detalhes nas páginas dos seus livros.

Para compor o restante do elenco, Eric Brevig recrutou o brucutu Dwayne 'The Rock' Johnson, que já virou figurinha fácil em filmes família - apesar de ainda fazer sucesso no gênero de ação, como no recente Velozes e furiosos - operação Rio - e a ex-High School Musical Vanessa Hudgens, além do ator latino Luis Guzmán. O trio se junta ao personagem de Hutcherson em uma viagem rumo à Ilha Misteriosa do título, onde descobrirão que as obras de Verne, Jonathan Swift (autor de As viagens de Gulliver) e Robert Louis Stevenson (autor de A ilha do tesouro) tem muito mais em comum do que qualquer fã de literatura poderia imaginar.

Viagens à parte, o filme consegue ser fiel ao seu objetivo principal, que é o de divertir. Além de A ilha misteriosa, outro trabalho célebre de Verne ganha espaço: Vinte mil léguas submarinas. A salada de cultura pop do filme inclui ainda referências à Atlântida e homenagens a outros filmes de aventura famosos - como Indiana Jones e Jurassic Park. O elenco está à vontade nos personagens, incluindo Michael Caine - que empresta seu grande talento para dar mais credibilidade à história. Apenas Vanessa Hudgens está deslocada, mas é perfeitamente compreensível, considerando suas já conhecidas limitações dramáticas (mesmo o roteiro estando longe de precisar exigir muito dos atores).

Como todo bom profissional de efeitos especiais, o diretor não erra neste quesito. As sequencias que utilizam recursos gráficos e CGI com mais intensidade são bem realizadas, com destaque para o camaleão gigantesco que persegue os heróis logo no começo da aventura. Répteis gigantes podem não ser novidade no cinema, mas o público está mais acostumado com os extintos dinossauros dando às caras na telona. A arte e concepção visual da ilha também é excelente. Por mais incrível que possa parecer, o filme peca exatamente no 3D, que não traz inovações.

Viagem 2: a ilha misteriosa pode até não ser aquele excelente exemplar de cinema de aventura que você esperava, mas não vai te deixar tão decepcionado. Se for fã de Julio Verne e buscar fidelidade à sua obra, fique em casa, ou espere por uma produção séria e genuinamente verniana. Desgastado todos sabemos que o tema não está.

Cotação: **

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