Crítica: O Homem que mudou o jogo
Beisebol é um esporte um tanto desconhecido para a maioria dos brasileiros. Talvez por este motivo, os filmes baseados no esporte passam quase despercebidos pelas salas de cinema, quando muito conseguem chegar ao grande circuito, indo parar na maioria das vezes em lançamentos diretos em home-vídeo. Nos EUA, no entanto, o esporte é uma mina de ouro, movimentando milhões de dólares nos estádios sempre lotados e nas ações diversas de merchandising. Embora a indústria do esporte seja tão forte, ele nunca havia conseguido chegar ao cinema com a força deste O homem que mudou o jogo.
Antes de mais nada, O homem que mudou o jogo é muito mais do que um filme sobre beisebol. Aliás, o beisebol, aqui, é um mero detalhe. O filme é uma história de superação, em que o personagem de Brad Pitt, um ex-jogador superestimado pelos olheiros oficiais da liga de beisebol americana, transforma o esporte embarcando na ideia de um software desenvolvido por um brilhante estudante de economia (vivido pelo ator Jonah Hill), que permite através do uso de estatística avançada a formação de um time perfeito apenas com atletas comuns, que não são - nem de longe! - as caríssimas estrelas da modalidade.
O diretor Bennett Miller desenvolve a história do general manager Billy Beane, interpretado por Brad Pitt, com um vigor impressionante, amparado por um roteiro belissimamente estruturado pelos roteiristas Steven Zaillian (A Lista de Schindler, Gangues de Nova York) e Aaron Sorkin (Questão de Honra, A rede social), baseado no best-seller A arte de ganhar um jogo. Miller ampara seu filme no relacionamento conflituoso de Beane com os dirigentes de seu clube e seu treinador, que não acreditam no resultado da teoria do jovem Peter Brand, o que é intensificado com o início trágico da temporada dos Oakland Athletics. Beane precisa enfrentar seus próprios fantasmas e a superstição de não assistir aos jogos de seu time para seguir em frente com sua revolucionária arma e conseguir fazer de seu time um vencedor, mexendo com a liga profissional de beisebol e mudando os rumos do esporte para sempre.
Obviamente que a história precisaria fugir do lugar comum dos filmes esportivos para conseguir cativar as audiências ao redor do globo. Para isso, O homem que mudou o jogo contou com um time impressionante de profissionais gabaritados, seja na frente ou por trás das câmeras. Para começar, a presença de Brad Pitt é um dos pontos favoráveis do filme. Sua atuação contida é perfeitamente adequada à proposta do filme, e seus méritos justificam o barulho e os diversos prêmios aos quais o ator está sendo indicado, incluindo aí o Oscar de melhor ator. A ousadia fica por conta de Jonah Hill, que não foi contratado para ser o gordinho alívio cômico, e sim um dos personagens mais importantes para o desenvolvimento da história. O ator está apenas correto em cena, mas o fato de entregar um trabalho tão diferente do que está acostumado a fazer deve ter rendido pontos para que fosse tão amplamente comentado.
Aparecendo em 9 das 10 listas de melhores filmes de 2011, O homem que mudou o jogo é uma grande surpresa, e certamente um filme que merece ser visto e comentado. Sua mensagem é relevante para os admiradores de qualquer esporte. Mesmo que seu esporte seja só o bom cinema.
Cotação: ****
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