Crítica: Albert Nobbs
Muitas vezes, um time de atores bem escolhido faz a diferença para filmes menores. O diretor Rodrigo García, um experiente realizador da TV que dirigiu episódios de séries de sucesso como A sete palmos, Família Soprano e Big Love, não perdeu tempo na hora de fazer esta lógica funcionar: Albert Nobbs é um drama que se torna muito mais eficaz graças aos trabalhos excelentes de Glenn Close e Janet McTeer.
Mais impressionante que a transformação física que a atriz mostrou na tela graças a um trabalho perfeito de maquiagem é saber que Glenn Close também é uma excelente roteirista. De sua autoria, o script de Albert Nobbs é coeso, desenvolve de maneira eficiente os personagens e ainda garante participações especiais para lá de agradáveis (o ator Jonathan Rhys Meyers é uma das boas surpresas, apesar da participação muito pequena).
Obviamente que a grande estrela do filme é a atuação das duas atrizes, que vivem personagens femininas que precisam se esconder em disfarces masculinos para conseguir sobreviver. Se Glenn Close nos surpreende nas primeiras cenas pela aparência bestial, o efeito se torna ainda mais forte quando Janet McTeer aparece: fica difícil de acreditar que é uma mulher que se esconde por detrás daquele figurino.
O elenco jovem também não desaponta. Mia Wasilowska, que depois de Alice no país das maravilhas resolveu focar a carreira em personagens mais sérios e com maior carga dramática, está bem, mas acaba apagada em função dos desempenhos das colegas veteranas. Aaron Johnson aproveita melhor o papel de galã cafajeste, e deixa transparecer pouquíssimo daquele garoto magricela de Kick-ass. Outros grandes atores britânicos participam do filme, fazendo do resultado final uma experiência ainda melhor.
Nem tudo é perfeito, no entanto. Rodrigo García se entregou à caretice do cinema, e nem de longe faz lembrar a direção polêmica e envolvente que foi sua marca, por exemplo, em A sete palmos. O diretor simplesmente segue o roteiro sem ousar muito, o que faz de Albert Nobbs um filme certinho demais para a premissa geral da história. Se a representação de época funciona bem em cenários e figurinos, pecou-se na trilha sonora: o músico Brian Byrne faz um trabalho burocrático que não ajuda o ritmo do filme a decolar.
Albert Nobbs não vai chocar ninguém, e este acaba sendo o seu maior problema. Vale a pena? Sim, afinal de contas, não é sempre que temos o prazer de ver Glenn Close iluminando a tela. Neste caso, não com beleza, mas com um trabalho de composição de personagem memorável.
Cotação: **
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