Crítica: Os Muppets
Nestes tempos de avançada tecnologia digital, pensar em fantoches pode parecer coisa de românticos saudosistas ou de pessoas perdidas no tempo. Bobagem. Qualquer forma de entretenimento inteligente deve ser valorizada, seja ela a mais simples ou mais sofisticada. Que bom que na Disney, o estúdio responsável pela distribuição dos avançadíssimos - e maravilhosos! - filmes da Pixar, ainda existe gente que acredita nas criações atemporais de Jim Henson.
Em 2004, o estúdio do Mickey adquiriu em uma transação milionária os direitos sobre os adoráveis personagens da Jim Henson Company, os Muppets. Estes coloridos fantoches - que tem aparência de animais, humanóides, monstros, extraterrestres ou criaturas inventadas - divertiram gerações em programas de televisão e filmes nas décadas de 80 e 90, e andaram sumidos nos últimos anos. Como a Disney não joga dinheiro fora, era óbvio que o estúdio cedo ou tarde iria utilizar suas novas aquisições para gerar grana. E foi assim que começou a ser desenhado o esboço para este Os Muppets.
O novo filme era cercado de expectativa, pois seu propósito era apresentar os bonecos para a nova geração e também agradar os marmanjos que já conhecem a turminha de outros carnavais. Eles conseguiram: Os Muppets é, ao mesmo tempo, uma comédia leve e inteligente para as crianças, um musical animado para a família e tem doses de nostalgia, auto-referências e piadas bem boladas que agradarão em cheio aos adultos.
A história começa apresentando os irmãos Gary e Walter, inseparáveis, mas um tanto diferentes: Gary, um típico garoto americano; e Walter, baixinho, amarelo e com cara e jeito de Muppet. Não por menos, os dois são fãs da turma de fantoches, e o maior sonho de Walter era conhecer os estúdios da trupe, em Los Angeles. A chance surge quando, anos mais tarde, Gary (Jason Segel) e a namorada, Mary (Amy Adams, tão carismática quanto em Encantada), partem para uma viagem romântica para a terra do cinema e resolvem levar Walter com eles. Lá, eles tem de encarar a dura realidade: os Muppets estão aposentados e separados, e os estúdios Muppet em decadência, a ponto de ser destruídos por um ganancioso magnata do Petróleo (Chris Cooper). Resta a Walter procurar o sapo Kermit e convencê-lo a reunir-se novamente com seus amigos para salvar o dia.
O mais legal do roteiro de Jim Henson e Jason Segel é manter a essência dos personagens, dando espaço para todos brilharem, embora o script esteja mais focado em Kermit, Miss Piggy e Walter do que nos demais. A trama tem uma dose elevada de melancolia, explicando os motivos que fariam os fantoches se tornarem quase esquecidos, e uma crítica velada à própria Disney (quem for esperto vai notar). Os personagens humanos e as divertidas participações especiais - em que se destacam Zack Galafianakis como um mendigo bebum, Jack Black como ele mesmo e Jim Parsons (o Sheldon de The Big Bang Theory) como a versão humana de Walter no divertido (e melhor!) número musical, Man or Muppet - são apenas acessórios para os verdadeiros astros, os Muppets, brilharem.
Os Muppets não é um filme de grandes pretensões, e o orçamento modesto é sua maior arma - e motiva algumas das melhores piadas do filme. Os números musicais são muito bem coreografados, cortesia de Michael Rooney, que também trabalhou em filmes como Fama e (500) dias com ela (a cena em que o personagem de Joseph Gordon-Levitt dança pelas ruas feliz da vida pelo encontro do dia anterior é genial!). O diretor James Bobin é um estreante no cinema, tendo em seu curriculum programas de TV e series pouco conhecidas do público brasileiro, mas demonstrou personalidade ao construir um filme coeso, bem amarrado e que tem fôlego para divertir diferentes públicos.
Para o período de férias de fim de ano que começa, Os Muppets é uma pedida genial. Se você sair do cinema com vontade de escutar novamente a trilha sonora, não se culpe: ela é realmente viciante! Homem ou Muppet, você vai gostar. É a Disney fazendo 2011 terminar muito mais divertido. Waka waka waka!
Cotação: ***
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