Crítica: Imortais

A mitologia grega é um terreno fértil de inspiração para as mais diversas mídias. Na literatura, temos hoje uma das sagas mais vitoriosas pós-Harry Potter que bebem na fonte: Percy Jackson e os Olimpianos; nos animes, a famosíssima saga dos defensores de Athena, os Cavaleiros do Zodíaco; nos games, o estrondoso sucesso que foi a saga God of War; nos quadrinhos, sucessos como a graphic novel 300, de Alan Moore; e Hollywood, que já usou e abusou dos deuses em filmes como Fúria de Titãs, Tróia, Hércules e adaptações dos já mencionados 300 e Percy Jackson.

Com tanto material reunido em páginas e mais páginas de contos, mitos e lendas, não poderia demorar até que um outro filme surgisse para fazer grana em cima do pessoal do Monte Olimpo. A mais nova empreitada é este Imortais.


Mas não será necessário me alongar no assunto mitologia grega, pois Imortais é, de longe, o filme que mais se distancia das histórias do qual teria sido adaptado. Muito pouco da cronologia mitológica está sendo apresentado aqui, e o roteiro faz uma salada tão grande que se você estudou um pouco que seja ou tem simpatia pelo assunto, vai ficar até um pouco irritado.

Estas questões à parte, Imortais é uma boa aventura do gênero capa-espada, que voltou a se tornar popular no cinema americano. Com imagens espetaculares - cortesia de uma direção de arte belissimamente bem realizada -, o filme transporta rapidamente o público para aquele período distante e mítico, para acompanhar a saga do herói Teseu (Henry Cavill) que precisa lutar contra um tirano (Mickey Rourke) cujo plano é libertar os titãs de sua prisão no fundo do monte Tártaro e causar uma guerra entre os Deuses.

Apesar do visual empolgante e sem a extravagância visual que Zack Snyder imprimiu ao seu 300, o diretor Tarsem Singh (cujo trabalho anterior mais conhecido é o estranho A cela) não conseguiu em seu filme o mais importante: grandes performances de seus atores. Se em 300 atores como Gerard Butler, David Wenham e Michael Fassbender se destacavam em seus personagens, fossem protagonistas ou coadjuvantes, aqui temos um apático Henry Cavill (que vai precisar melhorar muito para convencer como o novo Superman), que parece depender apenas de caras e bocas para dar alguma vivacidade à Teseu, e um Stephen Dorff que nem de longe lembra suas recentes boas interpretações no circuito alternativo (seu personagem é tão relevante quanto uma pelota de mofo). Não fosse a presença sempre altiva de John Hurt, não haveria quem se salvasse em todo o elenco.

Tecnicamente, no entanto, Imortais é um show, apresentando uma montagem empolgante, cenas de batalha muito bem coreografadas e uma edição de imagens de tirar o fôlego. Fica a ressalva apenas para o 3D que, mais uma vez, cheira a enganação. Pouquíssimas passagens utilizam a tecnologia, e mesmo em alguns momentos onde o mesmo poderia ser utilizado com efeitos de profundidade, não é feito. A impressão que fica é que houve contenção de despesas, o que é razoável de notar considerando o orçamento modesto do filme - 75 milhões - muito abaixo do padrão hoje gasto pelos blockbusters.

Mesmo sendo uma uma salada mitológica de proporções Olímpicas, Imortais deve divertir aqueles que forem ao cinema apenas para aquela distração descompromissada. Se quiser rigor histórico, fique nos livros. Mitologia, aqui, é apenas inspiração (ou nem isso).

Cotação: **

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