Critica: Amor à toda prova
Comédias românticas tem um público cativo nos cinemas. Talvez seja por este motivo que o gênero sofre com uma total falta de inspiração por parte dos diretores que se aventuram neste tipo de trabalho. Mas por vezes, surge um grande elenco que te faz ficar com vontade de assistir ao filme com um resquício ínfimo de expectativa de que vá sair algo diferente daquela mistura.
Obviamente não é apenas um bom elenco que salva um texto ruim de fracassar: Amor à toda prova está aí para provar que não existe milagre quando a inventividade é zero e os clichês tomam conta de uma produção.
Para não ficar repetitivo, vou ressaltar: a qualidade da fita não muda o fato de que estamos diante de um dos mais afiados elencos a participarem de uma comédia romântica nos últimos tempos. Amor à toda prova conta com veteranos como Juliane Moore, Kevin Bacon e Marisa Tomei, grandes revelações como Emma Stone, e um dos melhores atores de sua geração na atualidade: Ryan Gosling. Ah, sim, também tem Steve Carrel repetindo o mesmo tipo perdedor pela milionésima vez (ei, senhor agente do ator: está na hora de ele se reinventar, certo?). O grande problema do filme é sua previsibilidade: não precisa prestar atenção por mais de 5 minutos para sacar o que vai acontecer até o fim...
A qualidade duvidosa do texto é uma surpresa para quem acompanha a carreira do roteirista Dan Fogelman. Acostumado a trabalhar com a Disney, são dele nada mais nada menos que os scripts de sucessos medianos como Carros e Bolt - supercão, e também do hit Enrolados, além de alguns episódios de séries de TV de baixa expressividade. Ao que parece o roteirista não conseguiu acertar o tom para a narrativa cinematográfica de um filme de live-action despretensioso.
Para resumir de maneira rápida, acompanhamos em Amor à toda prova as histórias de personagens que de alguma maneira se conectam ao pacato Cal Weaver (Steve Carrel), um cara que acaba de se separar da esposa mas, apesar do adultério da mesma, ainda cai de amores por ela. Cal encontra um jovem bon vivant (Ryan Gosling) que fica penalizado pela aparência derrotada dele e resolve ajudá-lo a se tornar um conquistador nato. As consequências desta amizade acabam em situações e rumos inesperados.
É só. Julianne Moore e Kevin Bacon pouca chance tem de desenvolverem seus personagens, e são relegados a coadjuvantes de luxo (Marisa Tomei, nem se fala!). Para completar, Emma Stone tem um personagem delicioso que é muitíssimo mal aproveitado, apesar da química impressionante que a mesma tem logo nas primeiras cenas com Ryan Gosling. É frustrante perceber que poderíamos estar diante de um grande exemplar do gênero e acabamos com mais do mesmo: piadas "engraçadinhas", coincidências mil, canastrice e um desfecho bonitinho que tenta acertar todas as desventuras dos personagens de um jeito ou de outro - parece final de novela do Manoel Carlos...
Amor à toda prova tem tudo para se tornar um clássico das locadoras, aquele filme que o atendente te indica por que ninguém fala bem, mas ninguém também fala mal. É o típico arroz com feijão: alimenta, mas se não tiver sido preparado por um cozinheiro de verdade, só vai fazer preencher o espaço vazio da barriga. Procure uma diversão mais inteligente, mesmo que seja só o acompanhamento para a seção de beijos.
Cotação: **
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