Critica: Quero matar meu chefe

Diz-se que quando o Cinema vive uma época de ressurgimento de gêneros, a tendência para a repetição e falta de originalidade é elevada ao quadrado. Com certeza essa afirmação é verídica, mas também existem as exceções.

Vejamos o exemplo das comédias R-rated americanas - aquelas em que menores de 17 anos somente podem assistir se devidamente acompanhados dos responsáveis. Este subgênero teve uma guinada impressionante depois de Se beber, não case, e neste ano de 2011 colocou nada mais nada menos que 4 filmes com arrecadações expressivas (acima dos US$ 100 milhões) nas bilheterias americanas. Um deles é este Quero matar meu chefe.


O título por si só é extremamente sugestivo (no original, chama-se Horrible bosses). Aquele que nunca imaginou ao menos uma vez na vida o chefe sendo torturado numa roda medieval, não é um ser humano normal. O roteiro explora esta premissa com situações inteligentes, um humor mais requintado e, obviamente, elevadas doses de constrangimento para o elenco - que por sinal tem um time de feras que é um show à parte.

O diretor, Seth Gordon, é cria da televisão e tem no curriculum a direção de episódios de sitcoms como The Office e Modern Family, o que por si só explica seu manejo excelente com a comédia. Também é dele o documentário Freakonomics, que levou para as telas o badalado livro que faz uma visão crítica com pontos de vista interessantes sobre a rotina e os enigmas da vida real. Talento, como se pode ver, não lhe falta.

Na história, Jason Bateman, Charlie Day e Jason Sudeikis são três amigos que possuem um karma em comum: seus chefes são, cada um a seu modo, as pessoas mais odiosas da face da terra. Dispostos a dar um basta, eles resolvem partir para o ataque e eliminar a natureza do problema, e acabam se metendo nas maiores enrascadas. Os chefes insuportáveis são interpretados por Kevin Spacey, Jennifer Aniston e Colin Ferrel, que assim como os protagonistas, estão incrivelmente engraçados. Para completar, o filme ainda conta com participações especiais de luxo, como Jamie Foxx e Donald Sutherland.

As referências a outros filmes do gênero são frequentes, e fica quase impossível não compará-lo ao sucesso Se beber, não case. Aqui, também acompanhamos três caras aparentemente comuns que perdem o controle em uma determinada situação. A ressaca desta vez é fruto do ambiente de trabalho, e o mais interessante do roteiro é resgatar situações constrangedoras que realmente acontecem no dia a dia de quem está acostumado com a rotina de um escritório. Esta identificação do público com a ação é vital para o sucesso do longa - e muitos homens devem sair da sala de cinema querendo desesperadamente estar no lugar do personagem de Charlie Day, afinal de contas, quem não iria querer uma Jennifer Aniston no auge da forma como a chefe ninfomaníaca?

Quero matar meu chefe é uma boa pedida para aquela sessão de cinema descompromissada, e, no futuro, uma opção adequada de entretenimento de bordo naquele ônibus que está levando a galera da empresa para uma convenção na companhia do chefe. Se o cara não for legal, o recado vai estar dado de forma implícita e ninguém vai poder te acusar de nada. É apenas um filme, ora bolas!

Cotação: ***

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