Critica: Professora sem classe

Filmes que apelam para a tradução do título em nosso mercado com trocadilhos já devem ser tratados com desconfiança. A distribuidora, que não é boba nem nada, geralmente tem ciência da bomba que tem em mãos, e lança mão destes artifícios para atrair aquele público de multiplex que não escolhe filme, assiste aquele que está disponível. Só assim para algo como este Professora sem classe ("Bad Teacher", no original) conseguir fazer algum dinheiro nos cinemas.


O filme é um amontoado de clichês do que há de pior no cinema de comédia: tem o protagonista malvado que "se regenera"; tem o mocinho boboca de bom coração; tem a mocinha retardada que só mete os pés pelas mãos... e assim vai! Não existe novidade na trama, que além de manjada é mal desenvolvida até dizer chega. Para se ter uma ideia, o roteiro só consegue tirar o primeiro sorriso frouxo da platéia quando apela para piadas envolvendo flatulência.

O diretor desta "pérola", Jake Kasdan, é mais um egresso da TV. Na telinha, esteve atrás das câmeras em séries como Californication, e produziu um longa interessante, Orange County, que tinha uma temática adolescente e um roteiro bem amarrado. Nada disso, porém, se vê em sua incursão num filme de estúdio, o que deixa mais do que óbvio que seu papel era apenas de seguir um contrato, sem qualquer atitude autoral no material recebido.

Obviamente que as falhas não ficam apenas no roteiro e direção. A parte técnica também é um desleixo só, e nem a trilha sonora consegue ser interessante - o que às vezes é a única salvação de filmes ruins. Para completar, neste quesito, Justin Timberlake - que ainda insiste em atuar, para o desespero de quem gosta de atores de verdade - piora ainda mais a situação e entorna o caldo de vez: seu personagem tem uma cena em que canta sozinho uma canção e o desafino que ocorre gera uma dúvida se foi realmente proposital. Que me perdoem as fãs do ex-N´Sync...

Claro, existe uma menção honrosa: Cameron Diaz. Não por interpretação, já que a moça tem tempo que esqueceu como é atuar. Mas ela está numa forma de dar gosto, e basta apenas uma cena com trajes mínimos e muita sensualidade para fazer valer ao menos o preço pago pelo ingresso. É quase como Megan Fox em Transformers: no filme dos robôs você também aguentava a barulhada só para poder dar umas olhadelas nas curvas da moça.

Para simplificar a conversa, se você tem amor a seus neurônios, corra longe de Professora sem classe. Este é aquele tipo de filme que até o produtor tem vergonha de apresentar para a família. Se você está afim de rir e se animar no cinema, o tiro pode sair pela culatra, e você sair da sala escura com mais raiva ainda da vida do que quando entrou. Digo por experiência própria.

Cotação: *

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: O Lorax - Em busca da Trúfula perdida

Crítica: Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica: Os Pinguins de Madagascar