Critica: Os Smurfs

Hollywood tem a mania de pensar que as adaptações de desenhos animados devem ser filmes bobalhões e essencialmente infantis. O que é estranho, no entanto, é a falta de visão dos executivos dos estúdios, que se esquecem do poder do sentimento nostálgico para fazer milhares irem até os cinemas acompanhar alguns ícones da infância sendo resgatados para a nova era.

Os Smurfs são as mais novas vítimas dos roteiros rasos e da falta de imaginação de produtores e executivos da indústria do Cinema.


Os pequenos seres azuis foram criados pelo cartunista belga Peyo em meados da década de 50, e se tornaram imensamente populares com a série animada dos anos 80. É praticamente impossível encontrar alguém na faixa dos 30 que nunca tenha ouvido falar das simpáticas criaturinhas e do seu arqui-inimigo, o feiticeiro Gargamel. Eles vivem em uma floresta encantada e moram em cogumelos, na chamada Vila dos Smurfs. Para o cinema, no entanto, preferiu-se deslocar a ação para - quem diria, quanta originalidade! - a cidade de Nova York.

Tudo no filme é uma desculpa para a junção das técnicas de animação modernas e sua interação com ambientes reais. Se nos filmes de Scooby Doo e do Garfield essa interação funcionava - uma vez que os animais estavam em seus ambientes naturais, como nas histórias em quadrinhos, nos desenhos ou nas tirinhas de jornais - em Os Smurfs tudo fica extremamente forçado. Nem mesmo a presença inspirada de Hank Azaria como Gargamel ajuda: ele, que deveria ser o único personagem humano do filme, acaba sendo relegado a alívio cômico, juntamente com o gato Cruel. A caracterização do ator para o vilão é, talvez, a única coisa que realmente funciona no filme.

A culpa pela ineficiência do projeto é claramente da direção pouco esmerada de Raja Gosnell. O diretor tem um curriculum nada invejável, com "pérolas" como Vovó... zona e Perdido pra cachorro. Foi ele também que levou para as telas o cachorro Scooby Doo, cujo fiasco na primeira adaptação prejudicou a cinessérie, que teve um segundo capítulo muito mais interessante e que carregou nas referências ao desenho para atrair o público mais velho. Não dá para entender, então, por que ele não aproveitou a experiência aqui.

Apesar de todos os erros, as crianças ficam completamente fascinadas pelos simpáticos personagens, e não é difícil pegar muitas delas cantarolando a música tema (que nem o roteiro do filme faz questão de esconder o quanto é irritante). Fica clara a sensação de que o filme foi desenvolvido unicamente para atrair ao público miúdo, que irá enlouquecer os pais com pedidos e mais pedidos de bugigangas que estampam o Desastrado, o Papai Smurf ou a Smurfete.

Para aqueles que gostaram da ideia de relembrar os tempos de Clube da Criança e Show da Xuxa, fica a dica: se apegue apenas à nostagia, pois o divertimento fica para as crianças. Ao final da sessão, se você tem mais de 10 anos, é muito provável que esteja "smurfado". Se você prestou atenção ao texto, sabe exatamente o que o termo significa neste caso.

Cotação: **

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crítica: Os Pinguins de Madagascar

Crítica: Homens de Preto 3

Maiores Astros da Pixar