Crítica: O Rei Leão

A Disney viveu um período de ouro entre 1989 e 1998. Nestes 10 anos, conhecidos como período da retomada de seus grandes clássicos, diversos filmes de grande popularidade foram feitos, começando por A Pequena Sereia e terminando com Tarzan. Bem no meio deste período, foi apresentado pelo estúdio aquele que ficaria sendo seu longa metragem mais querido e, até pouco tempo, a animação mais rentável da história do cinema.

E 17 anos, 2 Oscar, 2 continuações para home-vídeo e um musical vencedor do Tony depois, eis que o bom filho à casa torna. Não poderia haver melhor coisa do que a oportunidade de rever este grande clássico na tela grande, onde é seu lugar de direito. O Rei Leão volta aos cinemas em 3D para encantar mais uma geração e fazer a festa de seus antigos admiradores.


Seria preciso muitas palavras para definir o que é a magnitude deste filme da Disney. Tem seu lado fábula. Tem aventura. Tem seus personagens imortais e inesquecíveis. E tem um dos melhores roteiros de todos os tempos para uma animação. Onde estivesse, Walt Disney estaria feliz em 1994, já que seus animadores conseguiram traduzir neste filme tudo aquilo que o mestre havia definido como o desenho animado ideal: épico, visualmente impressionante e sonoramente impactante.

E o que dizer da trilha sonora de Tim Rice com parceria de Elton John? O maestro vencedor de tantos prêmios por suas composições impressionantes da Broadway criou um mix de canções que se tornaram parte da cultura pop e não saíram das paradas de sucesso por muitos anos, com a ajuda do grande artística britânico e sua voz inconfundível. Ambos pareceram adivinhar o futuro, como se soubessem que o filme migraria para os palcos e se tornaria um dos maiores sucessos nos palcos de Nova York, Londres, Paris e tantas outras cidades pelo mundo.

O Rei Leão foi o resultado de um trabalho árduo nos estúdios Disney. A animação levou mais de cinco anos para ser realizada, e demandou um trabalho de pesquisa dos mais complexos já feitos pelos animadores do estúdio. Para compor a direção de arte primorosa que apresentava paisagens incríveis da Savana africana, os diretores Roger Allers e Rob Minkoff passaram diversos meses visitando locações diversas no continente africano, e também acompanharam a rotina dos impressionantes animais para apresentarem personagens que refletissem a grandeza que possuíam na natureza. O sucesso da empreitada é incontestável; basta lembrar de cenas belíssimas como a da luta entre Simba e Scar - parece que estamos assistindo ao vivo uma briga de leões como se fosse um documentário da National Geographic.

Tudo em O Rei Leão é majestoso, desde sua sequencia inicial até o grandiloquente último ato. A tecnologia foi uma arma vital, inclusive, para auxiliar os animadores a contar a história de Simba. Sequencias como o estouro de Gnus e a batalha final na Pedra do Rei coberta por chamas mostraram que a animação tradicional podia, sim, conviver com o uso de modernas técnicas de efeitos visuais, o que se tornaria comum a partir dali (basta lembrar de outras cenas memoráveis de filmes posteriores, como a tempestade em auto mar do início de Pocahontas, os malabarismos de Quasímodo cercado pelas multidões em O corcunda de Notre Dame e o balé nas árvores de Tarzan).

Outrora fosse praticamente uma rotina os cinemas receberem reexibições dos grandes clássicos Disney, este costume acabou ficando para trás com a popularização dos formatos de Home Vídeo. Os filmes do estúdio do Mickey passaram a compor coleções especiais que passavam um tempo fora das lojas - período conhecido pelos fãs como moratória - e são relançados com pompa a cada 7 ou 8 anos. A situação atual permitiu o retorno do rei aos cinemas considerando o advento da conversão de grandes sucessos do cinema para o 3D - portanto aqueles que gostariam de ter a chance de rever seus filmes favoritos na telona podem esperar por relançamentos como Guerra nas Estrelas e Titanic.

Para muitos, pode até parecer bobeira sair de casa para assistir um filme que você já conhece de cor. Seja por curiosidade ou nostalgia, uma sessão de O Rei Leão sempre vale a pena, nem que seja para nos lembrar de que não importa o nível de sofisticação das animações digitais atuais se você tem uma boa história pra contar. Timon e Pumba podem até dizer que vale a pena deixar o passado para trás, mas eu prefiro acreditar que o passado merece ser revisto e festejado, ao menos quando se está falando das jóias da sétima arte. Hakuna Matata!

Cotação: ****

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