Crítica: Os Pinguins do Papai
Pinguins se tornaram ícones da cultura pop, e estão hoje em dia na TV (na série da Nickelodeon, Os pinguins de Madagascar, spin-off do divertido filme da Dreamworks), nas bancas de jornais (Club Penguin, jogo infantil que virou mania) e, com força, no cinema (A marcha do Imperador, Happy Feet e Tá dando onda são alguns dos títulos recentes que exploram os simpáticos animais). Era mesmo de se esperar que, com todo este sucesso, uma adaptação do livro infantil clássico Mr. Popper's Penguins fosse ganhar as telas de cinemas mais cedo ou mais tarde. Apesar da obra ser pouco conhecida no Brasil, não é estranha para aqueles acostumados a ler histórias em quadrinhos da Disney - os pinguins dos escritores Richard and Florence Atwater já contracenaram nos gibis com figurões como Tio Patinhas, Mickey, Donald e Pateta.
E como não podia deixar de ser, o livro virou um filme família do verão americano. E estrelado por ninguém mais, ninguém menos, que Jim Carrey. Pena que o astro não consiga salvar Os pinguins do papai de ser apenas mais uma aventura mediana com uma bela (mas datada) lição de moral.
Os problemas do filme, na verdade, podem passar despercebidos para parte do público alvo. Se você levar as crianças ao cinema, com certeza a diversão dos pequenos estará garantida com as peripécias dos simpáticos animais, que estão carregados de estereótipos (temos o pinguim bobalhão, o estridente e até, ninguém merece, o flatulento). Quem vai se sentir incomodado é o público mais maduro, principalmente se forem fãs de Jim Carrey. O ator, cuja característica mais marcante é a capacidade de improvisação que sempre rende boas tomadas, tem muito pouco para explorar desta característica neste filme. O roteiro, embora redondinho, peca por deixar de enxergar o que já deveria ser claro para todo mundo: se você tem Jim Carrey à disposição, deixe-o à vontade.
E não podemos considerar que estes erros sejam culpa da inexperiência da equipe. O diretor, Mark Waters, é figura comum em Hollywood, apesar de não contar com tanto prestígio. Talvez por passear por diversos gêneros, ainda não conseguiu imprimir sua marca (são dele o clássico das reprises na TV a cabo, Meninas Malvadas, a comédia romântica Minhas adoráveis ex-namoradas e o subestimado As crônicas de Spiderwick). Já o principal roteirista, Sean Anders, tem no curriculum em sua maioria filmes adolescentes, de pouca expressividade. Longe, no entanto, de se tratar de um amador.
Tecnicamente o filme não deixa a desejar. A interação dos personagens humanos e animais é muito bem realizada, e algumas idéias do roteiro são interessantes. Os atores não pecam pela canastrice, como é comum neste tipo de filme, vide o recente Zé Colméia. A aventura flui de maneira simples, sem investir em nada de novo. Parece frustrante? Um pouco. Ao menos as mensagens ecológicas são apresentadas para os pequenos, o que sempre é um ponto positivo.
Se você está esperando um retorno de Jim Carrey aos bons filmes de comédia, em memória dos bons tempos de O Máskara e O Mentiroso, ainda não foi desta vez. Talvez ele já esteja ficando velho, quem sabe? Para o bem ou para o mal, é legal saber que o ator continua na ativa, mesmo que sem utilizar as famosas caretas ou aquele talento impressionante que emocionou um filmes sérios como O show de Trumam e Brilho eterno de uma mente sem lembranças. Tudo bem que pinguins são legais, mas Jim Carrey é muito mais. Esperemos que Hollywood ainda se lembre disso.
Cotação: **
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