Crítica: Kung Fu Panda 2

Mais um capítulo na novela Dreamworks de franquias animadas chega aos cinemas brasileiros. O estúdio de Jeffrey Katzemberg, podemos dizer, criou essa moda para o cinema de animação. Shrek, Madagascar e Como treinar seu dragão são alguns dos filmes do estúdio que viraram séries (o último terá seu segundo capítulo em 2013). Shrek, além de seus quatro filmes, ainda terá um "spin-off", Gato de Botas, que será lançado este ano contando a história do emblemático personagem que tem a voz de Antonio Banderas.

Mas, agora, é a vez de Po. Kung Fu Panda 2 apresenta novamente ao público o urso comilão e desajeitado, e aproveita para se aprofundar ainda mais na mitologia criada para o personagem e seu universo nas telas.


O filme começa onde o primeiro terminou. Po está totalmente integrado aos seus amigos mestres de Kung Fu, os Cinco Furiosos, e ajuda a proteger seu vale como o lendário Dragão Guerreiro. Mas ele não mudou nada, apesar de ter melhorado um pouquinho na arte marcial, e ainda dá um pouco de trabalho para os companheiros, principalmente a enérgica Tigresa. Quando um grupo de lobos liderados pelo Pavão Shin invadem o vale atrás de metal para a construção de uma arma tão poderosa que poderia acabar com a China e com o Kung Fu, Po terá de enfrentar um desafio ainda maior, descobrir sobre o seu passado e encontrar o equilíbrio interior para acabar com mais esta ameaça.

As referências à cultura oriental e a filmes de sucesso do gênero de artes marciais continuam firmes (até Jean Claude Van Damme faz uma ponta, dublando um dos mestres animais), mas é o humor o ingrediente principal das aventuras do Panda. Com um roteiro um pouco mais elaborado, os animadores tem a possibilidade de aproveitar ainda mais situações cômicas, principalmente quando Po interage com seu "pai". Pode-se dizer, aliás, que o arco principal do filme seja a explicação da origem do protagonista, uma jogada de gênio, aliás, pois esta era a pergunta que mais se fazia ao assistir o primeiro filme: por que diabos um Panda ia acabar sendo filho de um Ganso?

É claro que a continuidade da série de filmes do Panda dependia do sucesso alcançado pelo primeiro filme, mas agora fica mais fácil acreditar nas palavras de Jeffrey Katzemberg, que ao lançar o primeiro disse que já tinham idéias prontas para pelo menos mais três filmes sobre Po e seus amigos. Ao final de Kung Fu Panda 2, o gancho para o terceiro fica nítido para o público, e você sai do cinema com uma vontade real de assistir ao próximo.

Claramente se aproximando no terceiro ato do estilo Pixar de contar histórias - o que já havia sido feito em Como treinar seu dragão -, o filme tenta investir na emoção para cativar a platéia. Não que isto seja necessário, pois o apelo do personagem já transcende esta necessidade. Mas é bom ver a Dreamworks aprimorando a narrativa de seus filmes, e fugindo da mania de apostar apenas no riso fácil. Só o que falta é investir um pouco mais na criação dos vilões: mesmo contando com a voz de Gary Oldman e um prólogo que prometia, o vilão Shin fica devendo.

Uma evolução clara em Kung Fu Panda 2 é a animação. Se o primeiro filme já impressionava pela beleza estética, o segundo mostra que a técnica pode, sim, aprimorar-se cada vez mais. A escolha de cenários e locações para os personagens é um trabalho de gênio (se você acha que os animadores não viajam buscando locações também para filmes de animação, você não entende realmente nada desta arte). A fotografia do filme é primorosa, e atesta que está mais do que na hora dos filmes animados serem lembrados nesta categoria tão importante nas premiações oficiais do cinema. Para completar a perfeição técnica, um 3D efetivamente de saltar aos olhos.

Kung Fu Panda 2 vai divertir as férias de crianças e adultos - até daqueles que são apenas acompanhantes dos pimpolhos. Mesmo que ainda esteja longe de cair por terra o estigma de que animação é coisa de criança, renovo minhas esperanças de que, com uma qualidade cada vez maior, as animações vençam por seus méritos estas barreiras e ganhem o respeito de todos os públicos como já estão mais do que merecendo. Não custa nada sonhar.

Cotação: ***

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